Sem concorrentes, a Bahia Mineração S.A. (Bamin) venceu o leilão de concessão de um trecho de 537 quilômetros da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, a Fiol 1, localizado entre as cidades de Ilhéus e Caetité, na Bahia. A Bamin ofereceu o valor mínimo de outorga exigido pelo edital de concessão, que era de R$ 32,7 milhões.

A Bamin é dona da mina Pedra de Ferro e desenvolve um projeto de terminal portuário em Ilhéus, o Porto Sul.

Para o economista Ricardo Jacomassi, sócio da consultoria TCP Partners, a baixa concorrência no leilão do trecho da Fiol 1 já era esperada. Era natural que a Bamin fosse a única interessada, disse, já que tem projetos na região:

—A surpresa seria se a Bamin não ganhasse. O trecho era muito específico. E, sem concorrência, a empresa deu o lance mínimo.

A Bamin será responsável pela finalização das obras e a operação do trecho. Pelo menos 75% das obras estão concluídas. A construção da Fiol começou em 2010, mas foi paralisada por falta de recursos federais.

A concessão tem prazo de 35 anos. Os investimentos previstos são de R$ 3,3 bilhões, e a expectativa é que crie 55 mil empregos, diretos e indiretos. Segundo Jacomassi, o montante desses investimentos, que vão dinamizar Ilhéus e a região, importam mais do que o valor da outorga.

O presidente da Bamin, Eduardo Ledsham, disse que os recursos para investimento e pagamento de outorga virão do caixa da empresa.

OPERAÇÃO EM 2025

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que promoveu o leilão, estima que a Fiol 1 comece a operar em 2025, transportando mais de 18 milhões de toneladas de carga, como grãos e o minério de ferro da região de Caetité.

Ledsham afirmou que a ferrovia tem capacidade para transportar 60 milhões de toneladas/ano e que a Banim vai usar 18 milhões. O restante, explicou, estará à disposição para outras cargas, o que rentabiliza o investimento:

— A ferrovia possibilitará oportunidade de desenvolvimento de empresas que já estão no seu trajeto.

A Bamin é a subsidiária brasileira do Eurasian Resources

Group (ERG), do Cazaquistão, e está há 16 anos no Brasil. A ERG, presente em 15 países, atua em mineração, metais e logística.

— Além de mineração, o grupo é o maior operador de ferrovias da Ásia Central. Estamos acompanhando a Fiol há anos —disse Ledsham.

META DE R$ 10 BI

Foi o segundo dia da semana de leilões de concessões, a “Infra Week”, promovida pelo governo federal na B3, em São Paulo. Na terça-feira, com a concessão de 22 aeroportos, o governo arrecadou R$ 3,3 bilhões em outorgas. Os investimentos previstos são de R$ 6,1 bilhões.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse que, com a Fiol 1, os investimentos contratados na semana de leilões somam R$ 9,4 bilhões:

—A semana de leilões é um sucesso. Faltam apenas R$ 600 milhões para batermos a meta de R$ 10 bilhões em investimentos contratados.

Hoje haverá concessão de portos, o que deve permitir ao governo atingir sua meta.

O governo espera que a Fiol se torne um corredor logístico para exportação de minério e grãos, após a concessão dos trechos 2 e 3.