Correio Braziliense, n. 21.132, 03/04/2021. Brasil, p. 5

 

Fux se imuniza e diz que da exemplo

Bruna Lima

03/04/2021

 

 

O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu, ontem, a primeira dose da vacina contra o coronavírus, na sede do Museu da Justiça, no Centro Cultural do Poder Judiciário (CCMJ), na região central do Rio. Com 67 anos, o ministro esperou na fila para receber o imunizante e, na saída, defendeu a ciência e a vacinação como saída para a crise sanitária.

“Hoje é um dia importante, porque na qualidade de homem público eu transmito o exemplo de ter tomado a primeira dose da minha vacina. Nós, do Judiciário, temos uma profunda deferência à ciência. Por isso é que dizemos sim à ciência e não à morte. Sim à vida e não à morte”, disse.

Ele acrescentou que “nós devemos nos unir para cuidarmos uns dos outros e, acima de tudo, conscientizar toda a sociedade que, se ela pretende ter esperança, efetivamente, devemos nos vacinar todos”.

O magistrado, que é carioca, lembrou ainda que iniciou a carreira no prédio onde hoje recebeu a vacina. “Fui estagiário neste Tribunal do Júri, forjei minha carreira na magistratura aqui no Rio de Janeiro, minha família e toda a minha formação acadêmica e judicante”, afirmou. Além dele, os ministros Marco Aurélio Mello e Rosa Weber também informaram que já receberam as vacinas contra a covid-19.

Fux é o primeiro dos chefes dos Poderes da República a ser imunizado contra a doença. O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) — que preside o Senado e, por extensão, o Legislativo — já anunciou que, quando chegar a faixa etária a qual pertence, também vai se vacinar. A mesma garantia foi dada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

 

Fura-filas

Ainda no Rio de Janeiro, o decreto do governador em exercício, Cláudio Castro, que institui um novo calendário de vacinação contra a covid-19 no estado, entrou na mira do Ministério Público e da Defensoria Pública fluminenses. Os órgãos se uniram em uma ação conjunta para derrubar a medida.

Pelo cronograma, a imunização dos profissionais das forças de segurança e da educação deve começar no mesmo período reservado aos idosos e, portanto, antes das pessoas com comorbidades.

Na avaliação do MP e da Defensoria, a mudança nos grupos prioritários estabelecidos pelo governo federal “institucionalizou o fura fila”. Os órgãos defendem o término da vacinação dos idosos, obedecida a ordem de faixa etária, da mais alta para a mais baixa, antes do avanço para outros grupos.

“O decreto estadual inverte, sem qualquer respaldo técnico e científico, a ordem de vacinação em território estadual”, diz um trecho da ação. “O referido decreto institucionalizou o ‘fura fila’, passando categorias previstas no Plano Nacional de Imunização para momento posterior”, acrescentam promotores e defensores.

O decreto em questão foi publicado no Diário Oficial do Estado na última terça-feira. Castro disse que o objetivo da medida é alinhar as campanhas de vacinação no estado, evitando que as pessoas busquem imunização em outros municípios. A adoção do calendário único pelas prefeituras, no entanto, é facultativa. Pelo cronograma, trabalhadores das forças de segurança e da educação começam a receber a primeira dose ainda em abril.