O Conselho de Administração do Banco do Brasil deu mostras de insatisfação com a escolha pelo governo de Fausto Ribeiro para comandar o banco antes mesmo da renúncia de dois de seus integrantes. Na última quinta-feira, Helio Lima Magalhães, que era presidente do colegiado, e José Guimarães Monforte decidiram deixar o cargo. Os dois foram indicados pelo governo.

Na ata da última reunião, publicada um dia antes da renúncia, quatro integrantes do colegiado questionaram o rito de nomeação do presidente do BB, uma atribuição do presidente da República. O documento traz ponderações a respeito da escolha de Ribeiro para substituir André Brandão, que renunciou após atritos com o presidente Jair Bolsonaro sobre um plano de reestruturação que envolve o fechamento de agências. Além de Magalhães e Monforte, Luiz Serafim Spinola Santos e Paulo Roberto Evangelista de Lima, representantes dos acionistas minoritários, assinam o questionamento.

O argumento dos quatro conselheiros é que, apesar de o ordenamento jurídico permitira indicação pelo presidente, ela pode ser atribuída ao conselho, o que estaria alinhado às melhores práticas de gestão recomendadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, a Lei das S.A. e a Lei das Estatais já abririam espaço para a mudança. “Entendemos que existe legislação e interpretações mais avançadas para o tema, cuja aplicação, em não sendo possível nocas o concreto, deve, contudo, ser perseguida pelos guardiões das boas práticas de governança corporativa”, argumentam em ata. O documento traz questionamentos ao nome de Ribeiro, funcionário de carreira do BB que comandava o braço de consórcios do banco desde setembro.

A ata ressalta que a “meritocracia é um valor intrínseco” ao BB e lista pontos da Política de Indicação e Sucessão da estatal para discordar da escolha de Ribeiro. “Ao trazerà baila a Política de Indicação e Sucessão, observa seque o ora indicado, sem qualquer demérito ao profissional e à sua carreira de 33 anos no B B, não percorreu ainda todas as etapas de funções gerenciais, oque não significa dizer que, ao vir afazê-lo, não poderia se colocar em nível de prontidão para assunção de novos desafios futuros”, escreveram. O conselho doBBé formado por oito pessoas, incluindo o presidente do banco. Após a saída de Brandão, constam na última ata sete membros. No próximo dia 28, uma assembleia elegerá anova composição do conselho. Santos tentaria ser reconduzido, mas desistiu da candidatura. Monforte e Magalhães não integram anova lista de indicações do governo, ou seja, a saída deles antecipa um movimento esperado.

Conselho do BB questiona escolha do novo presidente em ata