O Estado de São Paulo, n. 46446, 16/12/2020. Política, p. A4

 

Bolsonaro escolhe nome do Centrão para a ANS

Mateus Vargas

16/12/2020

 

 

Advogado é ligado ao Progressistas, partido do candidato do governo federal à presidência da Câmara, Arthur Lira

O presidente Jair Bolsonaro indicou para o comando da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) o advogado Paulo Rebello. Ele é ligado ao Centrão,

especialmente ao Progressistas. A agência regula o funcionamento de planos de saúde e é responsável por definir, por exemplo, se os testes para diagnosticar a covid-19 devem entrar na cobertura.

Rebello trabalhou nos ministérios das Cidades e da Integração Nacional durante o governo Dilma Rousseff (PT) e de Michel Temer (MDB). Ele foi chefe de gabinete do atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-pr), quando o parlamentar era ministro da Saúde. Rebello, porém, não era um nome do ex-ministro, que reclamava nos bastidores, à época, de ter engolido a nomeação feita por caciques da sigla.

Desde 2018, Rebello é diretor da ANS, mas agora deve assumir o comando da autarquia. Apesar de terem seguido caminhos políticos distintos, o advogado e o ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ) são parentes.

A ANS estava sob comando interino do diretor Rogério Scarabel desde o começo do ano. Na pandemia, a agência ficou sob holofotes e críticas ao discutir temas como a cobertura de planos de saúde para testes da covid-19, além da suspensão de reajustes – medida que foi costurada após críticas do presidenta da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), mas levará a cobranças retroativas em 2021.

Aprovação. A indicação de Rebello a presidente da ANS foi feita anteontem. Além dele, outros três nomes foram sugeridos para a direção da agência. Para entrarem na agência, é preciso aprovação da maioria dos senadores. Um dos indicados a diretor é o médico Marcelo Queiroga Lopes, atual presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Além dele, Maurício Nunes da Silva, servidor da agência e atual "número 2" de Rogério Scarabel.