O Globo, n.32013 , 31/03/2021. Sociedade, p.13

 

Empresários de BH admitem que compraram imunizantes contra Covid

31/03/2021

 

 

Os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da empresa de transportes Saritur, admitiram em depoimento à Polícia Federal, realizado anteontem, que compraram vacinas contra a Covid-19. Eles são apontados como os organizadores de uma vacinação irregular que aconteceu em uma garagem.

A Polícia Federal encontrou, na tarde de ontem, supostos imunizantes que teriam sido usados pela falsa enfermeira Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas no esquema clandestino. Ela e o filho, Igor Torres de Freitas, teriam comercializado e aplicado vacinas importadas ilegalmente, desviadas do Ministério da Saúde, ou falsificadas, em empresários e políticos de Belo Horizonte.

Cláudia, Igor e o motorista da família que os teria levado até a garagem no dia da vacinação foram encaminhados para a PF, onde também prestaram depoimento. Cláudia é cuidadora de idosos e se passava por enfermeira. Não há registro de seu nome no Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG).

Nos depoimentos prestados, os irmãos Lessa admitiram a aquisição dos medicamentos sem saber a procedência. O valor cobrado pelos estelionatários por duas aplicações foi de R$ 600.

De acordo com a PF, a mulher tem passagem na polícia por furto e também teria negociado o imunizante com outras pessoas em BH. A PF investiga a origem das vacinas vendidas pela dupla, para identificar se são falsificadas ou importadas ilegalmente.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na garagem onde teria ocorrido a vacinação e em residências dos empresários. Celulares, computadores e documentos, incluindo uma lista com 57 nomes, foram apreendidos.

A operação foi deflagrada após reportagem da revista Piauí, publicada no dia 24, denunciando a ação ilegal.