Valor Econômico, n. 5199, v.21, 03/03/2021. Brasil, p.A2

 

 

Pandemia se agrava em todo o país, diz Fiocruz, e mortes batem recorde

 

 

Média móvel de mortes bate sucessivos recordes há uma semana

Por Rafael Rosas — Do Rio

 

 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou ontem edição especial do Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 com um alerta de que, pela primeira vez desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores, como o crescimento do número de casos e de mortes, a manutenção de níveis altos de incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), a alta positividade de testes e a sobrecarga dos hospitais.

 

Ontem as mortes bateram recorde e chegaram a 1.726, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. A média móvel de mortes também é recorde: 1.274.

 

Pesquisadores da Fiocruz defendem mais rigor na restrição da circulação e das atividades não essenciais, de acordo com a necessidade epidemiológica de cada região.

 

A fundação ressalta que 19 Estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80% - no boletim anterior eram 12. De 21 a 27 de fevereiro, foram registrados uma média de 54 mil casos e 1.200 mortes por dia de covid-19

 

“O cenário alarmante, segundo a análise, representa apenas a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão no país. Diante disso, os pesquisadores acreditam ser necessária a adoção de medidas não farmacológicas mais rigorosas”, diz a nota da Fiocruz.

 

O boletim apresenta um conjunto de dados sobre casos, óbitos e taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no país verificados em 1º de março, em contraponto aos observados em 22 de fevereiro.

 

“Este crescimento rápido a partir de janeiro, de acordo com a investigação, é o pior cenário em relação às taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos em vários Estados e capitais, que concentram a maior parte dos recursos de saúde e as maiores pressões populacionais e sanitárias que envolvem suas regiões metropolitanas”, ressalta a Fiocruz, que defende a adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região.

 

Segundo o boletim, essas medidas de mitigação devem durar até o fim da pandemia, com medidas de supressão sempre que a ocupação de leitos UTI covid-19 estiver acima de 80%, bem como ações que envolvam campanhas de comunicação para maior fortalecimento destas medidas.

 

O país registrou 1.726 mortes por covid 19 em 24 horas, até 20h de ontem. Segundo o consórcio de veículos de imprensa, já são 257.562 os mortos pela pandemia. A média de mortes na semana móvel foi de 1.274 por dia, com alta de 23% em relação à semana móvel anterior.

 

Já são 40 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca mil por dia, seis dias acima de 1,1 mil, e três com mais de 1,2 mil. Desde quarta-feira a média móvel bate seguidos recordes.

 

Já são 10.647.845 os casos confirmados no país, desde o começo da pandemia. Só ontem, até 20h, foram computados mais 58.237 contágios. A média móvel na semana foi de 55.318 novos diagnósticos por dia, com alta de 22% em relação aos casos registrados em duas semanas.

 

O consórcio de veículos de imprensa é formado pelos jornais “O Globo”, “Extra”, “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo”, bem como os portais UOL e G1.

 

Os dados são apurados junto às secretarias de saúde dos Estados e do Distrito Federal. Diariamente o consórcio divulga três boletins, às 8h, 13h e 20h.

 

O número de mortes em 24 horas registrado ontem no Brasil é superior ao de segunda-feira nos Estados Unidos. Segundo a Universidade Johns Hopkins, os EUA tiveram 1.567 mortes. O total de mortos nos EUA chega a 515.985.