O Globo, n.32006 , 24/03/2021. País, p.9

 

Lira e Pacheco vão ao Planalto cobrar ações de controle da pandemia

Paulo Cappelli

Julia Lindnder

Jussara Soares

24/03/2021

 

 

Em reunião hoje com o presidente Jair Bolsonaro, os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEMMG), pretendem alertar que, se o governo não conseguir controlar a pandemia, verá ficar comprometida a agenda de votações importantes para o Palácio do Planalto, como as reformas administrativa e tributária. Eleitos como apoio do governo, Lira e Pacheco têm buscado descolar suas imagens da de Bolsonaro, em meio à piora da crise sanitária.

Insatisfeito com a escolha de Marcelo Queiroga para o Ministério da Saúde, Lira tem afirmado a interlocutores que não há como o Congresso tratar de outros temas enquanto o país bate recorde de mortes. Pacheco, que tem feito seguidas críticas públicas à condução das ações relativas à pandemia, afirmou ontem que é preciso fazer um pacto para evitar que o país se direcione para o caos.

—( A expectativa é)dar conta desse desafio e dessa solução a partir de um pacto nacional que envolva um conceito muito importante que é o da união. Há dois caminhos que podemos perseguir no Brasil neste momento: o da união nacional e o do caos nacional e aí cabe a nós decidirmos — afirmou o presidente do Senado, em evento promovido pelo jornal “Correio Braziliense”.

O discurso sobre a possibilidade de se comprometer a agenda proposta pelo governo já começou a ser feito por aliados de Lira.

—O Congresso não vai ter condições de funcionar na sua plenitude e votar reformas, enquanto não controlar e encontrar soluções para a pandemia. Vamos ficar o tempo inteiro debatendo questões da pandemia — avalia Margarete Coelho (PP-PI), uma das parlamentares mais próximas a ele.

Ciente da opinião dos convidados sobre a pandemia, Bolsonaro quer fazer uma prestação de contas, destacando medidas que o governo tomou e quais os próximos passos. O principal discurso do Planalto no momento é que há esforço para dar ritmo à campanha de vacinação.

Lira e Pacheco levarão a Bolsonaro sugestões de donos de hospitais privados, de planos de saúde e de bancos. Um dos pleito sé que empresas possam comprar vacinas diretamente com fabricantes para aplicar em seus funcionários. O grupo argumenta que as vacinas seriam compradas diretamente com fabricante seque o impacto nos postos de vacinação seria positivo, reduzindo a demanda na rede púbica.

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Asfixia

24/03/2021

 

 

Hoje, mais de 300 mil brasileiros perderam a vida, enquanto Bolsonaro tenta nos sufocar com sua agenda negacionista

O bolsonarismo asfixia o  Brasil. Tenta nos sufocar com sua agenda negacionista e atitudes inconsequentes. Tudo o que estamos vivendo hoje já era uma crônica de muitas mortes anunciadas. Se você ainda tem alguma dúvida, recomendo o documentário “Timeline Covid-19 Brasil”, disponível no You Tube, para lembrar o que vivemos no ano passado. Está lá, para todos verem.

Nós, autores deste artigo, fomos testemunhas do método bolsonarista de “gestão”, um “método” baseado no quanto pior, melhor. O resultado está estampado nos números da pandemia. Se alguém ainda quer bancar a Poliana e acreditar que o bolsonarismo vai se enquadrar na racionalidade, vai cair do cavalo de novo. A conversa nãoémaiss obre o futuro, és o breador de agora. Aqueles que tapamo sol coma peneira e fingem não entende roque acontece ao nosso redor carregarão a culpada tragédia ques e instalo uno país.

Se, por um lado, o bolsonarismo nos trouxe até aqui, ele também provocou a mexida de placas tectônicas da política que estavam adormecidas. Centro, direita ou esquerda já não fazem mais nenhum sentido quando temos 300 mil mortos, crise de desabastecimento, inflação, 14% de desempregados, milhões de alunos fora da escola, um plano de imunização fantasma, interferências nas estatais, ataques constantes à ciência, às instituições, aos direitos humanos, uma polícia política dentro do governo perseguindo adversários e tantas outras aberrações.

O bolsonarismo não entende a política como meio de resolução de conflitos. As palavras consenso e adversário não existem no dicionário da seita. A política é só um meio de aniquilar seus inimigos. Eles inauguraram uma outra corrente de “pensamento” que está fora de qualquer eixo ideológico e que não cabe dentro de um estado democrático. E é por essa razão que esquerda, centro e direita têm agora uma oportunidade única de se sentar à mesa e pensar o país, construir um projeto de Brasil e uma oposição unida contra este método perverso de se fazer política.

Dentro deste contexto de desilusão e falta de perspectiva nasce um grupo de parlamentares independentes, de diferentes partidos, ideologias e pensamentos para somar forças contra a tragédia que estamos vivendo. Não é sobre o que virá, é sobre o que está ocorrendo agora. Nós, que assinamos esta carta, e vários deputados e deputadas que representamos, temos enormes diferenças sobre gestão pública, mas para se falar de gestão pública é preciso garantir que a democracia esteja viva e que as instituições funcionem livremente.

Nosso objetivo é fortalecer essa corrente onde todos os parlamentares que desejam discutir o Brasil a fundo, sem distinção de credo, religião ou ideologia, possam se sentar à mesma mesa. O brasileiro que depende do auxílio emergencial, e que está sem capacidade deplanejarseufuturo,nãoestá nem aí se o auxílio é de direita ou de esquerda. O brasileiro que perdeu um familiar para a Covid não tem tempo para teorias da conspiração. Quando a miséria e a falta de perspectiva dominam, esqueçam o debate ideológico do Twitter.

A seita que nos governa adotou a lógica de casta para exercer o poder. Só serão servidos aqueles que compartilharem da sua visão de mundo. O restante, ou se converte ou “que se dane”, como diria o presidente. Por mais que muitos achem que Bolsonaro é um bufão e que suas ameaças são apenas palavras ao vento, seu péssimo exemplo influencia muita gente. Conter esse desastre é nossa missão dentro do Parlamento.

Este grupo nasce para combater a política de castas e restabelecer a ordem legal e democrática no país, começando por: 1) exigir que o governo garanta os insumos básicos para o funcionamento dos hospitais, como respiradores e anestésicos e2) e apresente um cronograma real de vacinação do país.

Hoje, quando publicamos esta carta, mais de 300 mil brasileiros perderam avida e milhares estão intubados Bolsonaro e seu sé quito vão seguir asfixiando o país com o método que lhes é peculiar. Cabe a nós, do centro, da esquerda e da direita civilizada, agir para evitar que o país perca o ar por completo.

DEPUTADOS FEDERAIS TABATA AMARAL (PDT) ORLANDO SILVA (PCDOB) FABIO TRAD (PSD) PROF. ISRAEL BATISTA (PV) MARIO HERINGER (PDT) PAULINHO DA FORÇA (SOLIDARIEDADE) RAUL HENRY (MDB) KIM KATAGUIRI (DEM) RODRIGO MAIA (DEM) JÚNIOR BOZZELLA (PSL) TADEU ALENCAR (PSB) JOSÉ GUIMARÃES (PT) JOENIA WAPICHANA (REDE) MARCELO FREIXO (PSOL) WOLNEY QUEIROZ (PDT) GASTÃO VIEIRA (PROS )