Correio Braziliense, n.21123 , 25/03/2021. Política, p.3

 

Ernesto Araújo admite atraso nas vacinas

Augusto Fernandes

25/03/2021

 

 

Em meio a um clima bastante hostil, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi sabatinado por senadores, ontem à noite, e reconheceu o atraso do governo na aquisição de vacinas contra a covid-19. Segundo ele, o Executivo gostaria que esse processo "fosse mais rápido", mas enfatizou que a gestão do presidente Jair Bolsonaro está trabalhando para amenizar o tempo perdido.

"Nós temos, hoje, uma disponibilidade de vacinas que permite o avanço do processo, mas lentamente — gostaríamos de vacinar toda a população já. Até o momento, nós recebemos 30 milhões. Eu acho que a gente precisa, neste momento, de objetividade. Precisamos de vacinas? Claro. Então, vamos ver onde essas vacinas estão disponíveis", destacou.

Araújo foi cobrado pelos parlamentares sobre a falta de empenho do Itamaraty na conclusão de acordos com fabricantes de imunizantes e defendeu-se dizendo que o seu ministério apenas auxilia "a executar na vertente internacional a estratégia de vacinação" e que cabe ao Ministério da Saúde negociar os contratos.

Ele prometeu ir atrás de mais vacinas para o país. "Se houver uma estratégia, vamos tentar conseguir o máximo possível. Tenho todas as condições de estabelecer os contatos, porque já tenho esses contatos. Os senhores podem acreditar em mim ou não, mas tenho excelentes relações com todos os chanceleres dos grandes países, dos pequenos e médios. Falo com eles frequentemente."

Na sessão, Araújo ouviu de diversos senadores o pedido para que saia do comando do Ministério das Relações Exteriores. Muitos relembraram episódios em que o chefe do Itamaraty se desentendeu com a China, sobretudo por conta da pandemia, e reclamaram que ele representa um risco para a política externa brasileira.
O chanceler rebateu as críticas e afirmou que não tem nenhum problema diplomático com a China. "Acho que somos o único grande país que tem essa situação hoje. Isso faz parte de uma construção da nossa política externa, que eu vejo que, realmente, é completamente mal-entendida", reclamou.

Araújo também está sem contato com os EUA, por ter feito campanha pela reeleição de Donaldo Trump, vencido por Joe Biden.