Correio Braziliense, n.21122 , 24/03/2021. Economia, p.12

 

Mercedes é a 4ª montadora a parar

24/03/2021

 

 

Depois da Volkswagen, da Volvo e da Scania, fábrica é mais uma a suspender a produção de veículos até depois da Páscoa por causa do descontrole da pandemia no país. Anfavea assegura que a entrega de caminhões prevista para este ano não cairá

A Mercedes-Benz anunciou, ontem, que fechará as fábricas de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e de Juiz de Fora (MG) por causa do agravamento da pandemia de covid-19. É a quarta empresa do setor a decidir pela medida, desde a semana passada — antes, Volkswagen, Scania e Volvo também decidiram suspender as atividades por causa do descontrole do novo coronavírus no país. A medida atende pedido, principalmente, dos sindicatos de trabalhadores. O grupo emprega 10 mil funcionários e, desses, 7 mil ficarão em casa.

"O nosso intuito, alinhado com o Sindicato dos Metalúrgicos, é contribuir com a redução de circulação de pessoas neste momento crítico no país, administrar a dificuldade de abastecimento de peças e componentes na cadeia de suprimentos, além de atender a antecipação de feriados por parte das autoridades municipais", explicou o comunicado da montadora.

A paralisação começa na próxima sexta-feira e o retorno está previsto para 5 de abril, depois do feriado da Páscoa. Na sequência, a Mercedes concederá férias coletivas para grupos alternados de funcionários da produção. "Assim, teremos um grupo menor mantendo os protocolos de distanciamento, mas continuaremos a atender a nossos clientes com nossos produtos e serviços", informou.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cada grupo, com cerca de 1,2 mil trabalhadores, ficará fora da fábrica por 12 dias — o revezamento poderá se estender até o fim de maio. Os setores administrativos da montadora, porém, não serão afetados, já que estão em regime de home office. A Mercedes garantiu, também, que as concessionárias e oficinas continuarão funcionamento normalmente, porém, seguindo medidas preventivas contra a doença.

Solução negociada

Já tinham tomado decisão de parar até o fim do feriado a Volkswagen (quatro fábricas), a Scania e a Volvo, com uma planta cada. A Mercedes informou que a decisão, no mesmo dia em que o Brasil chegou a 3.251 mortes causadas pela covid-19 em 24 horas, foi tomada em alinhamento com os representantes dos trabalhadores para contribuir com a redução de circulação de pessoas num momento em que os números da pandemia apresentam tendência de subida. Além disso, a montadora se adapta à antecipação de feriados por parte das autoridades municipais.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as paralisações não impactam na projeção do volume de produção para 2021. No começo do ano, a entidade anunciou que a fabricação brasileira de veículos pesados cresceria 21%. De acordo com o posicionamento da associação, a previsão inicial era conservadora porque já trabalhava com um cenário de instabilidade da cadeia de suprimentos.

Para a Anfavea, ainda é cedo para concluir que o agravamento da pandemia comprometerá a recuperação do mercado de caminhões. Isso porque, no momento, há muitas encomendas apesar das unidades paradas pelos próximos dias.