Correio Braziliense, n.21121 , 23/03/2021. Política, p.3

 

Empenho por programa de renda

Augusto Fernandes

23/03/2021

 

 

As discussões sobrea implementação de um novo programa de renda mínima, voltado aos brasileiros mais vulneráveis, que seja  mais robusto que o Bolsa Família voltaram a r ondar o Congresso. A gora, há uma pressão de  empresários para que a ideia saia logo do papel. O setor entende que só uma nova rodada de  pagamentos do auxílio emergencial não será suficiente para manter as condições de subsistência da camada mais carente da população em meio à pandemia nem aquecer a economia.

Dessa forma, os empresários pedem que o Parlamento avance nas discussões de um projeto de lei que  sugere a destinação de 30% dos recursos provenientes tanto de privatizações quanto da reforma  administrativa para custear o financiamento de programas sociais de complementação de renda. A pro- posta foi elaborada pelo deputado Léo Moraes (Podemos-RO) e tem o apoio de importantes nomes do setor, como Luiza Trajano, CEO da  Magazine Luiza; e Jayme Garfinkel, presidente do conselho de administração e maior acionista da  Porto Seguro.

“Acreditamos que o início de tramitação de um projeto nesse sentido junto ao Congresso Nacional  possa levar ao aumento de confiança dos atores econômicos, neste momento tão desafiador, e dar um  passo decisivo para se iniciar processo consistente e sustentável para a redução de nossas  desigualdades sociais”, diz um manifesto do movimento Convergência Brasil, que reúne os empresários favoráveis à proposta.

Moraes prometeu que, nos próximos dias, vai pedir ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL),  para distribuir a matéria às comissões permanentes da Casa que precisam discutir o texto antes de votá-lo em plenário. “As circunstâncias econômicas em que o país vive atualmente  demandam rapidez na implementação de programas de suporte social. Não há como moralmente  justificar o indecente desamparo em que se encontram milhões de brasileiros”, disse.

De acordo com o deputado, a proposta é importante não apenas por apresentar saídas para custear um  futuro programa de renda mínima, mas também porque disponibiliza as fontes de recursos que  podem bancar mais parcelas do novo auxílio emergencial, caso haja necessidade. Como o benefício  continuará com um custo médio de R$ 250 e será repassado por apenas quatro meses, Moraes teme que a  assistência financeira do governo não supra todas as necessidades das famílias.