O Globo, n. 31986, 04/03/2021. Economia, p.16

 

 

 

Brasil deixa o grupo das dez maiores economias após retração em 2020

 

 

País cai para 12ª posição e previsão é de nova queda este ano. Para economista, só vacinação e reformas podem mudar quadro

 

JOÃO SORIMA NETO

joao.sorima@sp.oglobo.com.br

 

Depois de 14 anos, o Brasil deixou de figurar entre as dez maiores economias do mundo. Com a queda de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, afetado pela pandemia, o Brasil passou a ocupar a 12ª posição entre as maiores economias do mundo. O ranking foi elaborado por Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, agência de classificação de risco.

— O Brasil entrou para o grupo das dez maiores economias mundiais em 2006, mas caiu para a 12ª posição em 2020, depois de 14 anos. Em 2019, o país ocupava o9ºlugar, ano passado foi ultrapassado por Canadá, Coreia e Rússia—disse Agostini.

Agostini observa que, para este ano, sua estimativa é que o Brasil possa perder mais duas posições e cair para a 14ª colocação, sendo ultrapassado por Espanha e Itália.

O ranking é baseado em dados do FMI. Agostini observa que a desvalorização de 32,9% do real frente ao dólar ano passado também contribuiu para essa queda no ranking, já que para efeito de comparação os PIBs estão dolarizados.

—O encolhimento do PIB em relação a outros países mostra perda de eficiência e competitividade da economia. Além disso, a desvalorização cambial acentuada também mostra que algo está errado, com perda de confiança dos investidores e de produtividade.

O economista lembra que a moeda brasileira foi a que mais se desvalorizou no ano passado, um movimento que segue em marcha este ano. Além disso, a vacinação caminha a passos lentos, oque retarda a recuperação da economia.

Na comparação do desempenho do PIB em 2020, o Brasil ficou na 21ª colocação, com aqueda de 4,1% da economia, atrás de países como Letônia (o 17º) e Nigéria (7º).

Apenas três países apresentaram crescimento, entre os 50 analisados pelo estudo: Taiwan (alta de 3,1%), China (2,0%) e Turquia (1,6%).

—Para o Brasil voltar afazer parte desse grupo seleto de economias, uma vitrine para os investimentos, precisa colocara casa e mordem. Ava cinaçãoé importante, as reformas precisam andar no Congresso, assim como a aprovação das PECs, que podem dar mais mobilidade na gestão do Orçamento. Precisa reduzir despesas e avançar nas privatizações —disse Agostini.