O Globo, n.31993 , 11/03/2021. Sociedade, p.10

 

Ensino remoto foi feito por material impresso e WhatsApp

Bruno Alfano

11/03/2021

 

 

Pesquisa mostra que mais de 90% das redes municipais utilizaram esses recursos; só 20% tiveram aulas com professores ao vivo

Pesquisa divulgada ontem mostra que o ensino remoto no Brasil foi, majoritariamente, feito a partir da combinação de aulas por WhatsApp e materiais impressos. O estudo foi realizado pela

União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em parceria com o Instituto Itaú Social e o Unicef. Os dados foram coletados entre janeiro e fevereiro de 2021. Participaram 3.672municípios brasileiros, que concentram 14,7 milhões de estudantes. Desses, 91,9% passaram o ano letivo de 2020 todo remoto após o início da pandemia —o restante adotou modelo híbrido, em que parte das aulas são feitas de forma remota, e a outra, presencialmente.

Segundo o levantamento, mais de 90% dos municípios utilizaram WhatsApp e materiais impressos para atividades remotas. Só 20% tiveram aulas ao vivo.

— Isso exige muito esforço do professor. Mas há limites com essas duas ferramentas. Imagine uma criança tentando viver um processo de alfabetização assim — diz Patricia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social.

Na avaliação da especialista, além de resolver o problema estrutural de acesso limitado a equipamentos e à internet pelos professores e alunos, as redes têm que estimular novos modelos de aulas que poderão servir para depois da pandemia.

Ainda de acordo com o estudo, a maioria das secretarias (78,6%) afirmam que o maior desafio foi o acesso de estudantes à internet.

A pesquisa também mostrou que a maior parte das redes ainda não tem protocolo sanitário construído para o retorno às aulas presenciais. Entre os municípios que responderam ao estudo, 33,9% já concluíram seus protocolos, 59,6% estão em processo de discussão e 6,5% ainda não iniciaram esse processo.