O Globo, n.31992 , 10/03/2021. Economia, p.19

 

Conta de luz vai subir 4,67% para clientes residenciais da Light

Manoel Ventura

10/03/2021

 

 

Dólar alto e uso de termelétricas puxam tarifa, que será a 3ª mais cara do Brasil, atrás da Enel e da distribuidora do Pará

Puxada por uma alta nos custos para a compra de energia e pela valorização do dólar, a conta de luz dos consumidores do Rio vai subir. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem os reajustes nas tarifas da Light e da Enel Rio, antiga Ampla. Os clientes residenciais da Light terão uma alta de 4,67%.

Já os clientes residenciais da Enel Distribuição Rio, que atende Niterói, Região dos Lagos e Norte Fluminense, terão uma alta de 4,65%. Os reajustes entram em vigor na próxima segunda-feira para as duas empresas.

Para os consumidores industriais da Light, o aumento médio será ainda maior: 11,83%. No caso da Enel Rio, esse grupo terá alta de 10,38%.

Os reajustes farão com que a tarifa da Enel seja a mais cara do Brasil, de acordo com a Aneel. A da Light será a terceira mais cara. Em segundo lugar está a tarifa da distribuidora de energia do Pará.

O mercado projeta que o reajuste médio no país este ano fique em 15%. No início de fevereiro, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, disse que, “se nada for feito”, as contas de luz de todo o Brasil teriam uma alta média de 13% neste ano.

DEVOLUÇÃO DE IMPOSTO

Além disso, a Aneel iniciou a devolução de recursos cobrados dos consumidores decorrente da retirada do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.

Os impostos sobre as contas de luz no Rio estão entre os mais altos do país. Na tarifa da Light paga pelo cliente, 32,1% são para impostos; 31,9%, para compra de energia; e 11,3%, para encargos. A distribuidora fica com 15,2%.

A consultoria TR Soluções, que havia previsto alta de 10% nas tarifas do Rio, disse que a conta subiu menos por causa da devolução de imposto. Os dados divulgados pela Aneel, porém, indicam que outros fatores também podem ter interferido no reajuste.

A tarifa de energia elétrica é reajustada considerando uma série de variáveis, como o dólar e os custos do aumento da geração de energia por meio de usinas termelétricas.

Neste ano, o principal fator para o reajuste foi uma alta nos valores repassados aos geradores de energia elétrica, como usinas hidrelétricas e termelétricas. Com falta de chuvas em 2020, o nível dos reservatórios das hidrelétricas ficou baixo, o que exigiu o acionamento das termelétricas, de operação mais cara. Parte dessa conta adicional ficou para ser paga este ano.

A valorização do dólar também pesa porque as empresas usam energia gerada na hidrelétrica de Itaipu, queéb inacional. Em 2020, a divisa acumulou alta de 29,36%. Este ano, o dólar já avança 11,65%.

Além disso, só de subsídios —que cobrem programas do governo — os consumidores pagarão R$ 20 bilhões nas contas de luz em 2021.

Por outro lado, a chamada conta-Covid, um empréstimo feito em 2020, ajudou a compensar a alta. Os valores, embutidos nas contas, começam a ser pagos no ano que vem.