O Globo, n.31987 , 05/03/2021. País p.10

 

Em “teste” para 2022, Mandetta tenta afastar DEM de Bolsonaro

Gustavo Schmitt

Sérgio Roxo

05/03/2021

 

 

Ex-ministro tem conversado com outros nomes cogitados para concorrer ao Planalto, como Huck e Moro, e defende que partido deve ficar longe das pautas de costume

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta iniciou um movimento para tentar afastar o seu partido, o Democratas (DEM), do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Paralelamente, ele pretende testar o seu nome como possível candidato ao Palácio do Planalto em 2022.

O primeiro passo nessa direção foi dadona terça-feira, coma realização de uma live como presidente nacional do DEM, ACM Neto, em que ambos adotaram um tom dec rí ticasà postura do governo Bolsonaro na condução da pandemia do coronavírus.

ACM Neto, que no começo de fevereiro havia afirmado que não podia descartar que o DEM apoiasse Bolsonaro em 2022, disse que o Brasil poderia estar hoje em outra situação se o governo tivesse deixado o “negacionismo de lado” e “assumido uma postura de respeito à ciência”. Mandetta, por sua vez,d estacou quep aracu idard apandem iaé preciso“ter coração e se importar com avidadas pessoas humildes ”. Ele também criticou a indicação de uso de cloroquina e a omissão na compra de vacinas:

—Para discutir se menino veste azul e menina veste rosa, não precisa de líder. Precisa de líder quando tem um problema grande.

A movimentação de Mandettaincl ui também conversas com outros citados como possíveis candidatos em 2022, como o apresentador Luciano Huck e o ex-juiz Sergio Moro, com quem Mandetta também pretende fazer uma live.

No plano acertado com o comando do DEM, ficou definido que Mandetta — que não pretende se apresentar como pré-candidato neste primeiro momento — terá apoio logístico da legenda para viajar o país quando a pandemia arrefecer. Por ora, serão realizados eventos on-line.

A interlocutores, o ex-ministro tem afirmado que o partido precisa encontrar o seu caminho para a eleição presidencial de 2022. Ele avalia que o partido deve buscar uma plataforma com bandeiras liberais e de defesa da eficiência do Estado. Ao mesmo tempo, precisa se afastar das pautas de costumes defendidas pelo bolsonarismo. Nos bastidores, o ex-ministro tem dito que se optasse pela saída do DEM, o partido cairia nos braços de Bolsonaro.

Entre líderes da sigla, o plano é dar visibilidade a Mandetta. Embora ele não apareça nas pesquisas como um dos favoritos ao Planalto em 2022, o ex-ministro figura bem nas pesquisas qualitativas e com uma imagem de credibilidade, principalmente no tema da pandemia, que tende a pautar o debate da próxima eleição.