Correio Braziliense, n.21115 , 17/03/2021. Negócios, p.7

 

Pacheco cobra ações contra altas de preços

Pedro ícaro*

17/03/2021

 

 

 Recorte capturado

Senador quer de Guedes medidas para conter custo de vida. Ipea mostrou que inflação atingiu todas as faixas de renda

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que os brasileiros não podem ficar reféns de altas oportunistas de preços e que cobrará do ministro Paulo Guedes medidas concretas contra a disparada dos custo de vida no país. Em publicação no Twitter, ele anunciou que se reunirá com o titular da Economia e com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto,  na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, em data a ser marcada, para discutirem a subida da carestia.

A preocupação de Pacheco se justifica porque, também ontem, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que todas as faixas de renda registraram alta da taxa de inflação em fevereiro e as famílias de renda mais elevada foram as mais atingidas. A faixa de renda média saiu de 0,26%, em janeiro, para 0,98%, no mês seguinte. A inflação das famílias de renda média-alta subiu de 0,27% para 0,97% e, nas de renda alta, passou de 0,29% para 0,98%.

Conforme o estudo, o grupo de transportes, impactado pela alta de 7,1% dos preços dos combustíveis, foi o segmento que mais contribuiu para a pressão inflacionária em todas as faixas de renda no mês de fevereiro. Nas famílias mais pobres, os reajustes de 0,33% do ônibus urbano e de 0,56% do trem pesaram para a alta da inflação, além do preço dos combustíveis. Ainda entre os mais pobres, o grupo habitação contribuiu para a alta da inflação, ancorado pelos aumentos de 0,66% dos aluguéis, de 1% da taxa de água e esgoto e de 3% do botijão de gás.

Muitos comerciantes do setor atacadista e supermercadista precisaram encontrar alternativas para não perderem clientes. “Decidimos mudar a forma como fazíamos o abastecimento. Optamos por procurar por preços mais em conta com fornecedores grandes. Antes o vendedor vinha até nós. Fizemos reajustes nos preços, mas a qualidade de nossos produtos permanece a mesma”, comentou Lucivânia Souza, empresária do setor alimentício em Fortaleza.

Segundo Riezo Almeida, coordenador de graduação em Economia, Gestão Pública e Financeira no Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), a alta dos preços dos alimentos tem vários fatores. “Muita gente está consumindo e os produtores não estão conseguindo atender a demanda, gerando inflação como consequência”, explicou.

*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi