O globo, n. 31977, 23/02/2021. Mundo, p. 20

 

Início da normalização

23/02/2021

 

 

Com sucesso da vacinação, Reino Unido anuncia plano para sair da quarentena

O premier britânico, Boris Johnson, anunciou ontem um plano de flexibilização da quarentena estrita em vigor no Reino Unido desde o fim de dezembro. Entre as medidas previstas estão a abertura das escolas em 8 de março e a permissão para que as pessoas se encontrem ao ar livre a partir de 29 de março. São os primeiros passos de um plano de reabertura há muito aguardado e que se tornou possível devido a uma das mais rápidas campanhas de vacinação no mundo.

O plano de flexibilização tem quatro estágios, com intervalos de cinco semanas entre eles — as quatro primeiras para avaliar o impacto das mudanças nas restrições e mais uma semana para avisar o público e as empresas para se prepararem para a próxima fase. A etapa final, quando a maioria das restrições seria suspensa, não é prevista para começar antes de 21 de junho. As medidas são válidas em todo o país.

—Não há um caminho confiável par azerara Covid-19 no Reino Unido ou no mundo. E não podemos persistir indefinidamente com restrições que debilitam a economia, nosso bem-estar físico e mental. É por isso que é tão importante que este roteiro seja cauteloso, mas também irreversível — disse Boris no Parlamento.

28% JÁ VACINADOS

Com mais de 120 mil mortes pelocoronavírus,oReinoUnidotemaquintamaiormortalidade em números absolutos. Mas os números vêm caindo. Os novos casos giraram em torno de 11 mil por dia na semana passada, em comparação com os mais de 80 mil no fiml de dezembro, quando um repique da pandemia foi impulsionado pela disseminação da variante britânica do coronavírus, mais contagiosa. Ao mesmo tempo, o país lançou um programa de vacinação bem-sucedido, imunizando até agora mais de 17 milhões de pessoas, ou 28% da população, com a primeira dose.

Esse marco, combinado com um declínio acentuado das internações hospitalares, pavimentou o caminho para o anúncio de Boris. Mas o primeiro-ministro enfatizou repetidamente que planejava agir lentamente na retomada das atividades econômicas.

“Nossas decisões serão tomadas com base nos dados mais recentes em cada etapa e seremos cautelosos nessa abordagem para não desfazer o progresso que alcançamos até agora e os sacrifícios que cada um de vocês fez”, disse ele em sua conta no Twitter.

Segundo o plano do governo, pubs, restaurantes e museus ficarão fechados ao menos até 12 de abril—oque significa que, na prática, avida diária por ora não mudará muito para milhões de pessoas.

As viagens internacionais não essenciais a partir doe para o Reino Unido continuarão proibidas até 17 de maio, no mínimo. O país está estudando um sistema que permita aos indivíduos vacinados viajarem ao exterior com maior liberdade. Depois dessa data, está previsto o retorno dos torcedores aos estádios, se as condições sanitárias permitirem.

As escolas do Reino Unido estão abertas apenas para alunos vulneráveis e filhos de algumas categorias de trabalhadores desde 5 de janeiro, com todos os outros alunos usando o ensino remoto. “Nossa prioridade sempre foi levar as crianças de volta à escola, que sabemos ser crucial para sua educação e bem-estar”, acrescentou o premier no Twitter.

A manutenção do cronograma anunciado dependerá de quatro fatores: a continuidade do sucesso da vacinação; evidências de que as vacinas estão reduzindo as internações e mortes em hospitais; nenhum novo aumento nas taxas de infecção, o que sobrecarregaria o serviço de saúde; e nenhum risco repentino representado por novas variantes do vírus.

TEMOR DE RETOMADA RÁPIDA

É provável que o anúncio de Boris Johnson acenda um anova rodada de debates sobre se o governo está abrandando as restrições com rapidez suficiente. Alguns membros do Partido Conservador do primeiro-ministro devem retomar sua campanha de pressão para a suspensão das medidas restritivas mais rapidamente.

Boris, no entanto, parece determinado a evitar uma repetição da retomada da economia em maio do ano passado, após a primeira onda da pandemia, que acabou potencializando a segunda onda.

O Reino Unido agiu mais rápido do que muitos outros países ocidentais para garantir o suprimento de vacinas e tem inoculado pessoas rapidamente desde dezembro, uma estratégia que valorizou a libra esterlina e os mercados de ações na esperança de uma recuperação econômica.