Correio Braziliense, n. 21109, 11/03/2021. Cidades, p. 22

 

Entrevista - José Eduardo Pereira

Jéssica Cardoso 

11/03/2021

 

 

Com a pandemia, uma das maiores preocupações está relacionada ao cenário econômico: como será a recuperação financeira do Distrito Federal no pós-covid? Pensando nisso, o CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — recebeu, ontem, o chefe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), José Eduardo Pereira. O secretário falou sobre o programa Emprega DF, lançado em 2019, que tem como objetivo oferecer uma série de benefícios fiscais para os setores da indústria e comércio, além de promover a geração de emprego e renda para a capital. A iniciativa prevê, por exemplo, o desconto de até 67% no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS. Durante o programa, José Eduardo também abordou aspectos das regiões administrativas do Distrito Federal que contribuem para o crescimento econômico.

O Emprega DF é um programa extremamente importante para a capital, o senhor pode falar um pouco sobre ele?

O programa foi criado em 2019. Desse ano para cá, já foram 20 adesões (de grandes empresas) e estão em análise mais oito empresas. Das 20 que aderiram, temos a União Química, que está produzindo a vacina Sputnik V. Brasília tem os fármacos dentro de sua matriz econômica. Temos também o (grupo) Bimbo, que fabrica os pães Pullman, e o Fujioka. Acabou aquela história de que o Distrito Federal não tem competência de segurar empresa aqui. Nós estamos trabalhando duro, no sentido de colocar um tapete vermelho para que as empresas se sintam cuidadas, tenham os benefícios fiscais, crédito e áreas para localizarem suas plantas.

Mas as empresas precisam apresentar resultados, certo?

Sim. Dentro do próprio contrato, tem a questão da empregabilidade e essas 20 empresas já geraram cerca de 20 mil empregos, algo que significa muito. As empresas também avançam, sob o ponto de vista dos benefícios fiscais, se tiverem programas de sustentabilidade, por exemplo. Nós temos empresas que reaproveitam sua água, que têm programas belíssimos de desenvolvimento social, justamente no cuidado com os seus funcionários, com as famílias e com o público externo, como escolas. Tudo isso conta pontos para que elas façam parte do programa. E para a gente profissionalizar, o governador criou um comitê de atração de investimentos. Nós estamos buscando atrair empresas para o Distrito Federal, mas também temos que cuidar das que já investem.

Antes da pandemia, a economia mundial estava em grande transformação tecnológica. Pensando nisso e no futuro, qual é a vocação econômica do DF em 2021?

Nós estamos em um trabalho firme com a Secretaria de Economia e a Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal) para estudar a matriz econômica de Brasília. Eu acabei de falar e nós poderíamos nominar várias (empresas) de fármacos. O agro é absolutamente relevante (para o DF). Brasília tem uma produção agro fantástica. Tem pecuária, produção de vinho e café. Nessa matriz econômica está o agro, os centros de distribuições, os fármacos e, dentro deles, um centro hospitalar de excelência. É isso que estamos buscando, além de outros setores que nós estamos trabalhando. Outra coisa fantástica é o turismo: o turismo rural, de negócios, religioso e o ecoturismo. Então, você junta esse combo de possibilidades e você tem uma Brasília que sempre sai do outro lado. (O DF) saiu da primeira leva da pandemia, nós estávamos em uma curva ascendente muito forte sob o ponto de vista econômico. Nós temos musculatura. Brasília é uma cidade que, pelas suas características, tende a ter mais relevância que tinha.

Como a secretaria vê os potenciais das cidades do DF para o desenvolvimento econômico?

Temos as áreas de desenvolvimento econômico em cada uma dessas cidades, onde estamos trabalhando as potencialidades desde o micro até o médio empreendedor, além de incluir empresas âncoras. Nós não podemos simplesmente desequilibrar o mapa de Brasília e colocar grandes empresas onde só existem grandes empresas. É necessário localizar, nas áreas administrativas, as grandes empresas para que elas sejam âncoras das pequenas que estão ali. A cidade de Ceilândia tem uma vocação fantástica. Estamos fazendo uma requalificação das áreas de desenvolvimento econômico de Ceilândia e Santa Maria com a estação de energia. Então, (o objetivo) é olhar para todas as cidades e estabelecer um trabalho firme sobre as potencialidades delas.

* Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira