Valor econômico, v. 21, n. 5193, 23/02/2021. Política, p. A9

 

Aprovação a Bolsonaro cai em pesquisa

Fabio Murakawa

Matheus Schuch

23/02/2021

 

 

Fim do auxílio emergencial parece ser o principal motor para perda de popularidade

A avaliação positiva do governo Jair Bolsonaro e a aprovação ao desempenho pessoal do presidente tiveram queda significativa entre outubro do ano passado e fevereiro deste ano, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada ontem. A queda coincide com o fim do auxílio emergencial, benefício pago a pessoas de baixíssima renda afetadas pela pandemia.

O levantamento mostrou, entretanto, que a população não responsabiliza o presidente pelas mortes causadas pelo coronavírus, que se aproximam de 250 mil.

Segundo os dados, os que consideram o governo ótimo ou bom caíram de 41,2% para 32,9%. Já os que afirmam que o governo é ruim ou péssimo subiram de 27,2% para 35,5% no período. Aqueles que classificam a gestão como regular oscilaram de 30,3% para 30,2%.

Os que aprovam o desempenho pessoal Bolsonaro caíram de 52% para 43,5%. Já os que desaprovam subiram de 43,2% para 51,4%.

De acordo com a CNT, o “fim do auxílio emergencial, embates com a imprensa e priorização da pauta de costumes podem explicar essas oscilações” na avaliação do governo e na aprovação pessoal ao presidente.

Com a economia patinando e o desemprego elevado, o levantamento mostra aumento no pessimismo dos brasileiros com a situação do país. Ao todo, 33,8% disseram crer que ela irá piorar, ante 28,1% em outubro. Os que acreditam em uma melhora caíram de 29,8% para 25,7% no período.

Houve estabilidade no índice dos que pensam que a situação do país permanecerá igual: oscilou de 39,4% para 39,2% em fevereiro.

Para a maior parte dos brasileiros, a retomada da economia só ocorrerá a partir de 2022 (36,8%) ou 2023 (34,5%). Ao todo, 3,4% creem em uma retomada até junho e 10,5% acreditam em uma melhora a partir do segundo semestre.

Para 44,5%, a situação da economia está pior do que o esperado no início da pandemia, e para 13,3%, muito pior do que o esperado. Apenas 13,2% responderam que a economia está melhor ou muito melhor do que o esperado.

A expectativa quanto à situação do emprego no país também piorou. Os que acreditam que ela vai melhorar caíram de 36% para 28,1% entre outubro e este mês. Já os que creem em uma piora desse quadro subiram de 30,1% para 40%. Os que acreditam que a situação ficará igual oscilaram de 31,1% para 30,3%.

A pesquisa mostra ainda que os brasileiros estão preocupados com a situação de sua renda mensal. Aqueles que acreditam que ela irá aumentar caíram de 26,5% em outubro para 22,7%. Já os que anteveem uma queda na renda subiram de 20,7% para 24%. Para 51%, a situação permanecerá inalterada, ante 50,2% há quatro meses.

Também aumentou o pessimismo com relação à situação da Saúde, da Educação e da Segurança no país. Ao todo, 38,3% disseram que a situação da Saúde irá piorar, ante 27,2% em outubro. O número, porém, fica bem baixo dos 52,3% que estavam pessimistas em maio, quando a pandemia ainda estava em seus meses iniciais. Os que disseram crer que a situação irá melhorar oscilaram de 31,8% para 30,8% no período. A alta entre os pessimistas coincidiu com a queda dos que acreditam que a situação não mudará, de 38,7% para 29,5%.

A condução dada pelo governo à pandemia conta com a aprovação de 54,3%, ante 42% de desaprovação. Quase metade (49,7%) não responsabiliza Bolsonaro pelas mortes causadas pelo coronavírus. Para 36,4%, ele é um dos culpados, mas não o principal. E 11% afirmam que Bolsonaro é o principal culpado pelas mortes.

Ao todo, 66,5% classificam como ótima ou boa a atuação do governo em relação ao auxílio à população necessitada na pandemia. O auxílio aos empresários foi aprovado por 36,8% dos entrevistados.

O índice dos que se dizem pessimistas com a segurança subiu de 27,1% para 30,6%. Já para 22,6%, a situação vai melhorar, ante 26,4% em outubro. Ao todo, 68,2% se disseram contra mudanças na lei propostas por Bolsonaro para facilitar a compra e o porte de armas de fogo, ante 28,8% contrários.

Foram realizadas 2.002 entrevistas entre os dias 18 e 20 de fevereiro em 137 municípios de todos os Estados e do Distrito Federal. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.