Correio Braziliense, n. 21104, 06/03/2021. Política, p. 3

 

Apoio entre os caminhoneiros

Renato Souza 

06/03/2021

 

 

Enquanto o governo federal perde apoio de servidores públicos, em especial das classes policiais, em razão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, ganha aliados entre os caminhoneiros. Ontem, em São Paulo, o grupo mostrou força e alinhamento político com o presidente Jair Bolsonaro ao protestar contra o lockdown decretado pelo governador João Doria (PSDB). Dezenas de profissionais pararam a Marginal Tietê, uma das principais vias da capital paulista. Pelas redes sociais, a categoria se movimenta para espalhar o protesto para outras unidades da Federação.

Júnior Almeida, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Ourinhos, disse que "a paciência acabou" e que Doria vai ter consequências por suas decisões políticas. Embora o dirigente negue motivação ideológica, nas redes sociais e até nas ruas, grupos bolsonaristas incentivam as greves nos estados contra os chefes dos Executivos locais e miram Doria em mensagens espalhadas massivamente pela internet.

Desde a campanha de 2018, caminhoneiros usam grupos de WhatsApp para apoiar Bolsonaro. Nas últimas semanas, com o agravamento da pandemia e a adoção de medidas restritivas por parte de governadores e prefeitos, muitos grupos que estavam parados voltaram à atividade intensa. Doria tornou-se o principal alvo. Almeida frisou que a mobilização é nacional e que a situação pode tencionar nos próximos dias.

Em nota, o governo de São Paulo descartou revogar as restrições e enfatizou que os protestos são "uma forma de tentar camuflar a realidade macroeconômica que o país enfrenta, com cinco aumentos no preço da gasolina neste ano, quatro elevações consecutivas no preço do diesel, inflação de alimentos, a volta da recessão, aumento da dívida pública e a disparada de preços de itens básicos, como arroz e leite".