Correio Braziliense, n. 21102, 04/03/2021. Ciência & Saúde, p. 17

 

Pandemia leva à queda de 7% na emissão de CO2

04/03/2021

 

 

As emissões globais de CO2 diminuíram cerca de 7% em 2020 em comparação aos níveis de 2019, mostram cientistas ingleses em um artigo publicado, ontem, na revista especializada Nature Climate Change. Após uma série de cálculos e análises comparativas, eles chegaram à conclusão de que essa redução considerável está relacionada principalmente às extensas políticas implementadas em todo o mundo para desacelerar o contágio pelo novo coronavírus.

Os investigadores avaliaram os níveis de emissão de cada país durante o ano passado e avaliaram o impacto das medidas de contenção adotadas em função da pandemia da covid-19. Constataram que as taxas caíram cerca de 2,6 gigatoneladas (Gt) em 2020, a maior redução observada até hoje. "Isso representa diminuição de cerca de 7% em relação ao período anterior, um número bem mais alto do que era esperado por todos os cientistas da área", destacam os autores no trabalho, que foi liderado por Corinne Le Quéré, pesquisadora da Universidade de East Anglia, no Reino Unido.

A equipe também analisou as tendências da emissão de CO2, conforme a renda de países, desde a adoção do Acordo do Clima de Paris, em 2015. Observou-se que, no grupo de renda alta, a queda nas emissões foi de, em média, 0,8% ao ano desde que o pacto climático foi firmado. Em 2020, foi de 9%. No grupo de países de renda média alta, o crescimento das emissões diminuiu 0,8% ao ano, e caiu 5% em 2020. Os dados mais expressivos estão relacionados aos locais de renda baixa: as emissões que aumentavam 4,5% ao ano desde 2015 diminuíram 9% em 2020.

Os especialistas também destacam que, para a era pós-pandemia, são urgentes as reduções globais de 1Gt a 2Gt de CO2 por ano, ao longo da década de 2020, para se chegar às metas firmadas no Acordo de Paris. "Para sustentar a diminuição das emissões globais e, ao mesmo tempo, apoiar a recuperação econômica, serão necessárias estratégias como a implantação em larga escala de energia renovável e o desinvestimento em infraestrutura de combustíveis fósseis em todo o mundo", apontam.