Correio Braziliense, n. 21101, 03/03/2021. Brasil, p. 6

 

Governadores cobram organização

Luiz Calcagno 

Israel Medeiros 

03/03/2021

 

 

Num encontro marcado pela tentativa de distensionar o clima de animosidade com o presidente Jair Bolsonaro — conforme deixaram claro em carta divulgada na segunda-feira, quando acusaram o chefe do Executivo de estar permanentemente interessado numa política de confronto, em vez de colaboração ––, os governadores reuniram-se ontem com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir um cronograma de vacinação, a criação de um grupo de trabalho conjunto entre Congresso, chefes de Executivo estaduais e Ministério da Saúde, auxílio emergencial e recuperação econômica.

O governador do Piauí, Wellington Dias, foi o porta-voz do Fórum de Governadores no encontro. Ele afirmou que não faltarão recursos para a vacinação, mas apontou que o problema, no momento, é a falta de organização. "São necessários 400 milhões de doses para vacinar todo o povo brasileiro e, pela média do preço da vacina, foram reservados R$ 20 bilhões. Qual é o desafio? Temos contratos, temos recurso, mas temos que fazer acontecer o cronograma", cobrou. O grupo de trabalho também auxiliará governadores na compra dos imunizantes.

"Já temos um grupo de trabalho com Câmara e Senado, e a ideia é que incorpore o Ministério da Saúde, com um governador de cada região, para esse acompanhamento junto à Saúde e ao Ministério das Relações Exteriores para aquilo que tenha necessidade de solução, seja aqui ou no exterior", acrescentou Dias.

Na conversa, Lira afirmou que as quatro parcelas do auxílio emergencial custarão, para o governo, entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. Também garantiu que a imunização será prioridade e que já existem R$ 20 bilhões assegurados para a distribuição de fármacos à população.

Os governadores solicitaram uma primeira parcela maior do auxílio emergencial, para cobrir os meses de janeiro e fevereiro. "De um lado, há a preocupação que a emenda constitucional para o auxílio emergencial tem que ser aprovada em tempo de implementação em março. É possível, por exemplo, uma primeira parcela que compense o período que ficou sem o auxílio? As pessoas estão passando necessidade", lembrou Dias.

A presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), Flávia Arruda (PL-DF), também participou do encontro. Segundo ela, estão previstos no Orçamento deste ano, R$ 12 bilhões para investimento em saúde, e mais R$ 2,5 bilhões apenas para o combate ao novo coronavírus.