Correio Braziliense, n. 21098, 28/02/2021. Brasil, p. 4

 

Pazuello muda versão para a PF

28/02/2021

 

 

Depois de informar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o governo federal foi avisado no dia 8 de janeiro sobre a crise da falta de oxigênio em Manaus, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudou a versão em depoimento à Polícia Federal. Durante oitiva realizada no dia 4 deste mês, o titular da pasta afirmou que a data foi incluída por engano no documento oficial por conta do erro de um servidor. Ele culpou o prazo apertado pelo suposto equívoco.

A informação de que o governo foi avisado com dias de antecedência sobre o iminente colapso da saúde na capital do Amazonas foi enviada ao Supremo pela Advocacia-Geral da União (AGU). Pazuello prestou depoimento no Hotel de Trânsito de Oficiais do Exército, em Brasília, no inquérito do Supremo que apura se o ministro foi omisso no enfrentamento da pandemia na capital do Amazonas. A oitiva ocorreu de forma discreta, mas foi revelada pelo Correio horas antes da equipe da PF ir até o local. O caso está sob sigilo. Após a conclusão das investigações, caberá ao procurador-geral da República, Augusto Aras, decidir se denuncia o ministro.

Na manifestação ao Supremo, o governo afirmou que a White Martins, empresa que fornece oxigênio para hospitais, informou sobre a baixa nos estoques do gás por e-mail, no dia 8 de janeiro. No depoimento à PF, Pazuello declarou que "o documento nunca foi entregue oficialmente ao Ministério da Saúde, bem como a empresa nunca realizou contatos informais com representantes" da pasta.

"O equívoco se deu em virtude do prazo exíguo de 48 horas para apresentação da resposta junto ao STF", disse Pazuello, no depoimento. O documento chegou ao conhecimento do Ministério da Saúde via secretário da Saúde do Estado do Amazonas, completou.