Título: Um abismo cada vez menor
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/11/2008, Economia, p. A19

Estudo do Ipea revela que, no ritmo atual, renda de brancos e negros será igual em 2029.

Brasília

A desigualdade racial, medida pela razão de renda de brancos e negros, tem caído no Brasil, principalmente a partir de 2001. Apesar da boa notícia, confirmada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ainda há um longo caminho a percorrer até o país alcançar a igualdade plena. No ritmo atual, projeta o Ipea, negros e brancos só terão a mesma renda em 2029.

Os dados constam do estudo Desigualdades raciais, racismo e políticas públicas 120 anos após a abolição, divulgado ontem. De acordo com o estudo, ao considerar um valor igual a 1 como ideal para esse indicador, ainda faltariam 3/4 da diferença a serem reduzidos no país.

Entre outras constatações, a publicação revela a melhoria no padrão distributivo quando comparadas as populações negras e brancas. A queda na diferença, entre 2001 e 2007, foi de 25%.

Bolsa Família

A pesquisa mostra que, após oscilar durante 12 anos em torno de 2,4, o indicador da desigualdade começou a cair depois de 2001. No ano passado, a razão chegou a ser de 2,06. A população branca, diz o Ipea, ainda vive no país com pouco mais que o dobro da renda disponível para a população negra ¿ mas a tendência é a diminuição da diferença.

"A pergunta natural é se a redução da desigualdade racial é mera conseqüência da redução da desigualdade geral de renda", questiona o Ipea na publicação. "É possível que a redução não seja conseqüência da redução nas práticas discriminatórias e, sim, do fato de negros serem maioria entre os beneficiários do Programa Bolsa Família."