O globo, n. 31959, 05/02/2021. País, p. 7

 

Renan ressurge e retoma rivalidade com Alcolumbre

Julia Lindner

05/02/2021

 

 

Emedebista reafirma Oposição a Bolsonaro, articular criação da CPI da Covid e cogita disputar no voto comando da CCJ contra ex—presidente do Senado

Escolhido líder da maioria no Senado, por indicação do MDB, o senador Renan Calheiros (AL) assume a nova função prometendo “somar esforços” à oposição para fazer frente ao governo Jair Bolsonaro no Congresso. Renan não descarta disputar o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra o expresidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em plenário. A candidatura poderia reeditara eleição de 2019, na qual o senador alagoano perdeu a presidência para Alcolumbre.

Renan disse ontem que ficou ausente do debate político nos últimos dois anos em razão da pandemia e por questões de saúde, mas agora quer trabalhar e “manter a intensidade do mandato”:

— Eu nunca fui próximo do governo. Estive um pouco ausente primeiro por conta da pandemia e depois porque fiz duas cirurgias, fiquei um tempo me recuperando. Eu quero trabalhar e manter a intensidade do mandato. Tenho que fazer a minha parte e somar meus esforços aos esforços existentes na oposição.

Nos últimos dias, Renan chamou atenção ao ajudar o líder da Rede, Randolfe Rodrigues( A P ), acolher assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para avaliar acondutado governo federal no enfrentamento à Covid-19. Para o colegiado ser instalado, no entanto, depende do aval do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

—Conversei com vários senadores sobre a CPI, não sei se ajudei ou se prejudiquei. Ajudei a colocar algumas (assinaturas) e falei mal de quem retirou (o nome), que foram o Otto (Alencar) e a Rose (de Freitas).

POSIÇÃO DE “DONO DO SENADO”

Questionado se vai disputar a CCJ, Renan afirmou que esta não é a sua prioridade, mas que tem sido procurado por outros parlamentares e está disposto a “ajudar” dependendo do cenário. Segundo ele, o MDB deve apoiar aquele que tiver mais condições de vencer.

Para Renan, a possibilidade de Alcolumbre assumir a CCJ é “muito ruim” e indicaria que ele quer ocupar a posição de “dono do Senado”. Na visão do emedebista, que comandou a Casa em quatro ocasiões, o maior partido, no caso o MDB, deve ficar com a principal comissão —regra da proporcionalidade.

—Nenhum ex-presidente, ninguém deixou a presidência para concorrer à CCJ, porque as pessoas preferem desencarnar ao invés de conflitar poder, de virar uma sentinela à porta do presidente do Senado. É muito ruim para ele, para o Senado, para os partidos, porque a proporcionalidade não é só para garantir o espaço do maior, mas do menor também, é uma regra de segurança. Se você atropelar isso, desrespeitar, o que fica como referência do Parlamento? Aí você substitui a proporcionalidade e toma a posição de dono do Senado —criticou Renan.