O globo, n. 31970, 16/02/2021. Sociedade, p. 8

 

Lewan­dows­ki au­to­ri­za aces­so a e-mails de Pa­zu­el­lo

Aguirre Talento

16/02/2021

 

 

Ministro do STF dá aval a novas diligências da PF em investigação sobre colapso em Manaus e compra de cloroquina pela Saúde
Após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinou que a Polícia Federal (PF) realize novas diligências para investigar a responsabilidade do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em irregularidades na pasta e no colapso do fornecimento de oxigênio para Manaus. Pazuello foi ouvido na semana passada por investigadores da PF que conduzem o caso.

Dentre as novas diligências, a PF vai buscar informações sobre os gastos públicos com a aquisição de cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a Covid-19, e identificar os responsáveis por desenvolver um aplicativo do ministério, o TrateCov, que recomendava o uso do medicamento a pacientes diagnosticados com a doença provocada pelo novo coronavírus.

SEIS DILIGÊNCIAS

A PGR solicitou seis diligências para serem cumpridas pela PF. A primeira delas, com o objetivo de obter acesso aos e-mails trocados entre o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde do Amazonas para apurar sobre o colapso de oxigênio no estado da regão Norte. A PGR também pediu a tomada de depoimentos de representantes da empresa White Martins, fornecedora de oxigênio, sobre os fatos.

A terceira diligência é para a "obtenção de informações sobre as tratativas de transporte de oxigênio para Manaus e de remoção de pacientes da capital amazonense para os hospitais universitários federais".

As outras diligências são para a identificação e tomada de depoimento dos desenvolvedores do aplicativo TrateCov; também a "identificação de gastos de aquisição e distribuição dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina e dos testes do tipo RTPCR" e, por último, a tomada de depoimentos de funcionários do ministério e da Secretaria estadual de Saúde do Amazonas e municipal de Saúde de Manaus que acompanharam os fatos.

Essas medidas indicam que as linhas de investigação do caso podem identificar irregularidades no gasto de recursos públicos com a cloroquina, medicamento defendido desde o início da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro como uma solução para a Covid-19, embora os estudos científicos tenham comprovado sua ineficácia para o tratamento da doença.