Correio Braziliense, n. 21082, 12/02/2021. Política, p. 3

 

Bolsonaro: benefício em março

Ingrid Soares 

12/02/2021

 

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que tem pressa em definir a extensão do auxílio emergencial e que o benefício deve ser pago a partir de março, em até quatro parcelas. "Eterno é aposentadoria, é o BPC, tá? E é uma questão emergencial, porque custa caro para o Brasil. É um endividamento enorme para o país. Tá quase certo, né. Ainda não sabemos o valor. Com toda certeza, pode não ser, né, a partir de março, três, quatro meses. É o que está sendo acertado com o Executivo e com o Parlamento também, porque temos de ter responsabilidade fiscal", ressaltou, após a cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.

Bolsonaro, no entanto, voltou a criticar o lockdown e enfatizou que a população precisa voltar aos postos de trabalho. "Agora, não basta apenas conceder mais um período de auxílio emergencial. O comércio tem de voltar a funcionar. Tem de acabar com essa história de fecha tudo. Devemos cuidar dos mais idosos e de quem tem comorbidades. O resto, tem de trabalhar", repetiu. "Caso contrário, se nos endividarmos muito, o Brasil pode perder crédito e, daí, a inflação vem. A dívida já está em R$ 3 trilhões, daí vem o caos, e ninguém quer isso."

Mais cedo, no discurso durante a cerimônia, Bolsonaro frisou que a equipe econômica estuda a continuidade do auxílio emergencial, mas destacou que a medida não pode ser eterna. Ele emendou que "o povo quer, na verdade, é trabalho".

Estados Unidos
Ainda na base de Alcântara, Bolsonaro disse esperar que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mantenha os acordos com o Brasil assinados pelo antecessor, Donald Trump, incluindo o de salvaguardas tecnológicas (AST), que permite o uso comercial do centro de lançamento maranhense.

"O povo americano, eles são realmente voltados para o interesse da sua nação. Muda governo, pouca coisa muda. Acredito que todos os acordos que assinamos com o governo Trump serão mantidos pelo governo Biden. Acredito nisso porque, afinal de contas, todos nós ganhamos. Não é apenas o americano, é o Brasil também", destacou.

A preocupação é de que haja pressão por parte de ONGs e da população americana para a revisão do acordo, em meio ao descontentamento com Bolsonaro por conta das políticas de direitos humanos, minorias e meio ambiente. "Ficamos 20 anos aguardando o momento para botar para a frente o Centro de Lançamento de Alcântara. Foi feito em 2019, com a assinatura, e depois, com o acordo da Câmara, por meio da Comissão de Relações Exteriores, cujo presidente era o deputado Eduardo Bolsonaro", afirmou o presidente. "Agora, estamos com uma realidade aqui. Isso aqui realmente nos coloca no seleto grupo dos lançadores de satélites."