Correio Braziliense, n. 21081, 11/02/2021. Economia, p. 6

 

Informalidade migra para o e-commerce

Fernanda Strickland

11/02/2021

 

 

O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), entidade que reúne cerca de 70 grandes varejistas do país, está estudando uma maneira de combater a informalidade e a sonegação de impostos em meio ao aumento exponencial das vendas on-line, provocado pela pandemia da covid-19.

De acordo com os dados do índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net) em parceria com o Neo Trust/Movimento Compre & Confie, as vendas do e-commerce cresceram 73,9% em 2020.

Nos meses de pico da restrição social, entre abril e junho do ano passado, mais de 5,7 milhões de clientes fizeram a sua primeira aquisição pela internet, segundo dados da Neotrust. Levantamento da Mastercard Brasil mostra ainda que 46% dos brasileiros aumentaram o volume de compras on-line durante a pandemia e 7% realizaram uma compra digital pela primeira vez.

Com a intensificação do e-commerce, dizem representantes do varejo, a informalidade migrou para os meios digitais. "No começo, eram camelôs em frente às lojas. Agora, são grandes camelódromos digitais que tiram proveito do nosso sistema tributário arcaico", disse Flávio Rocha, das Lojas Riachuelo e conselheiro do IDV.

O economista autônomo Hugo Passos explica que o ano de 2020 foi de grandes mudanças para empresários e consumidores, que precisaram remodelar estratégias e hábitos de consumo, em meio à quarentena. "O consumidor ainda tem o hábito de comprar em lojas físicas. No entanto, com a quarentena, ele teve que se readaptar à nova realidade, por meio das compras on-line", explicou.

Para o economista, a mudança é positiva. "Isso proporcionou benefícios a médio e longo prazos, como redução de custo do empresário, crescimento tecnológico, comodidade e maior alcance para os consumidores, entre outros", ressaltou.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro