Correio Braziliense, n. 21081, 11/02/2021. Política, p. 3

 

Bolsonaro diz que volta do benefício é "endividamento"

Vera Batista 

11/02/2021

 

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo não tem "dinheiro no cofre" para novas medidas de distribuição de renda, como o auxílio emergencial. Em reunião com prefeitos, ele ressaltou, ainda, que retomar o benefício pode piorar o endividamento do país.

"Eu sempre disse que tínhamos dois problemas: o vírus e o desemprego. A arrecadação esteve praticamente equivalente no município, tendo em vista o auxílio emergencial, que volta a ser rediscutido. E é o que eu falo: não é dinheiro que eu tenho no cofre, é endividamento. Isso é terrível também. A economia tem de pegar. Temos de voltar a trabalhar", argumentou.

Em 2020, em consequência da elevação dos gastos públicos, com o objetivo de combater a pandemia da covid-19, a dívida pública brasileira encerrou o ano no patamar histórico de R$ 6,615 trilhões, o que representa 89,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Mesmo assim, devido à chegada de uma segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus, parlamentares e agentes de mercado apontam a necessidade urgente do retorno do benefício para a população de baixa renda. Em resposta à pressão, a equipe econômica chegou a sinalizar que seria possível uma nova rodada, de menor valor, de R$ 200, por três meses, desde que o Congresso aprovasse contrapartida, como contenção de gastos e um novo marco fiscal.

Bolsonaro também aproveitou para reclamar das ações de governadores e prefeitos na crise sanitária e reiterar convicções dele de que o Brasil tem de aprender a conviver com as novas mutações do vírus. Estados e municípios, ao contrário da União, fecharam o ano no azul, com a ajuda do governo federal. "Cada um tem o seu pensamento sobre como deve ser tratada a pandemia. E a decisão das medidas, na ponta da linha, é de governadores e prefeitos. O presidente foi deixado de lado em grande parte das suas atribuições, a não ser mandar recursos e meios, o que nós fizemos", criticou. "Se for preciso, neste ano, a gente vai continuar com esse atendimento a vocês, porque vocês não têm quem socorrê-los. Por isso, eu apelo: quem puder abrir, abra o comércio. Vejo alguns municípios até protestando contra o respectivo governador."