O Estado de São Paulo, n.46394, 25/10/2020. Política, p.A8

 

Alcolumbre defende Ramos; Rodrigo Maia ataca Salles

Emilly Behnke

André Borges

25/10/2020

 

 

Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEMRJ) e Davi Alcolumbre(DEM-AP), tomaram partido ontem no conflito entre os ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. Maia restringiu seu comentário a um ataque a Salles, ao passo que Alcolumbre ainda reconheceu o papel de Ramos na relação com o Congresso. Salles afirmou ao Estadão considerar que “o assunto está encerrado”.

O Ministério do Meio Ambiente vive uma queda de braço com o Ministério da Economia e tenta reverter o congelamento de parte do orçamento da pasta. Salles já pediu ao menos duas vezes a liberação da verba, mas teve o pedido negado. Na primeira vez, em agosto, ameaçou parar todo o combate a incêndios e o governo recuou. Na última vez, na quarta-feira, o Ibama mandou recolher os agentes em campo lutando contra incêndios no País por falta de recursos.

Diante das dificuldades orçamentárias, Salles soube que Ramos teria articulado com o Ministério da Economia maiores recursos para as pastas da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional. Para o Meio Ambiente, a orientação seria impor limites. Ao tomar conhecimento de que Ramos estaria minando sua atuação, Salles pediu no Twitter, que o general parasse com a “postura de Maria Fofoca”. O termo faz referência à fama entre os ministros de que Ramos vazaria informações à imprensa.

“O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”, criticou Maia em seu Twitter. O ataque de Maia a Salles não é novidade, mas tem significado diferente diante do teste de forças de Salles com Ramos. Alcolumbre, por sua vez, avaliou não ser saudável que “um ministro ofenda publicamente outro ministro. Isto só apequena o governo e faz mal ao Brasil”. Interessado na reeleição no Senado, ele está alinhado com o governo e defendeu a “importância do ministro Luiz Eduardo Ramos na relação institucional com o Congresso”.