O Estado de São Paulo, n.46392, 23/10/2020. Metrópole, p.A15

 

Butantã reclama de demora para liberar insumo

Fabiana Cambricoli

Camila Turtelli

23/10/2020

 

 

O Instituto Butantã reclama de demora da Anvisa na liberação da importação de insumos para o início da produção da Coronavac. O órgão diz esperar desde o dia 18 de setembro resposta ao pedido que fez para que a agência autorize, em caráter excepcional, a importação da matéria-prima para o início da fabricação local da vacina. Como o produto ainda está em testes e não tem registro para comercialização, precisaria de autorização especial para ser trazido.

O Butantã afirma que a agência “só deve deliberar sobre o tema daqui a três semanas”, o que, diz o instituto, impactaria “as perspectivas de produção e disponibilização de vacina contra a covid-19 para a população brasileira”. A queixa do Butantã sobre a demora foi revelada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão junto ao Butantã.

Segundo a resolução 203/2017 da Anvisa, que define regras para importação excepcional de produtos sem registro sujeitos à vigilância sanitária, o prazo máximo para a agência se manifestar sobre um pedido do tipo é de dez dias úteis. Em emergências em saúde pública, como a pandemia, o prazo cai para 48 horas, inferior aos mais de 30 dias de espera do Butantã. A Anvisa disse que a resposta sobre o pedido do Butantã deve sair em 5 dias úteis, mas não explicou a razão da demora.

Ministro. Após desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e cancelar a compra da Coronavac, o presidente Jair Bolsonaro tentou ontem pôr panos quentes. Visitou Pazuello, com covid-19, e gravou vídeo. “Falaram até que a gente estava brigado. É comum acontecer isso daqui. Algum choque, não teve problema nenhum”, disse Bolsonaro na transmissão ao vivo. Pazuello respondeu: “É simples assim: um manda e o outro obedece.”