O globo, n. 31933, 10/01/2021. Sociedade, p. 13

 

Anvisa cobra mais dados do Butantan

Victor Farias

Ana Letícia Leão

10/01/2021

 

 

Agência aceita documentação de vacina da Fiocruz, mas pede informações sobre CoronaVac

 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ontem que o pedido entregue pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para autorização emergencial da vacina de Oxford /AstraZeneca traz os “documentos preliminares e essenciais para a avaliação detalhada da Agência”. A Anvisa, porém, pediu mais informações ao Instituto Butantan, que desenvolve o imunizante em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. “A/pós a triagem de todos os documentos fornecidos, os técnicos da Anvisa verificaram que ainda faltam dados necessários à avaliação da autorização de uso emergencial”, afirmou, em nota, sobre a vacina do Butantan. A análise preliminar é feita nas primeiras 24 horas após a entrega do pedido de uso emergencial para verificar se as informações essenciais sobre eficácia e resultados clínicos estão no processo para análise pela equipe técnica da Anvisa.C omisso, a agência segue coma análise das informações enviadas pela Fiocruz e dos documentos já protocolados pelo Butantan, enquanto espera os dados que faltam da CoronaVac.

“O Instituto (Butantan) foi informado sobre a necessidade dos documentos complementares, essenciais à análise e conclusão sobre a eficácia e segurança da vacina. Na oportunidade, foram discutidos prazos e cronogramas para a apresentação dos dados faltantes”, explicou a Anvisa. De acordo com a agência, equipes da Anvisa e do Butantan participaram de duas reuniões para tratar da questão ontem. “O Instituto Butantan informou que apresentará os dados com brevidade, e a Anvisa continuará a avaliar a documentação que já foi enviada”, explicou a agência.

VACINAÇÃO SIMULTÂNEA

Na sexta-feira, a Fiocruz e o Butantan solicitaram à agência a autorização emergencial de uso das vacinas desenvolvidas contra a Covid-19. O prazo estimado pela agência para avaliação do pedido é de até dez dias. Em nota, o Butantan informou que continua fornecendo à Anvisa todos os documentos necessários para o registro de uso emergencial da vacina. “O fato da Anvisa solicitar mais informações, que estão sendo prontamente atendidas pelo Butantan, não afeta o prazo previsto para autorização de uso do imunobiológico”, disse o instituto. A nota acrescenta que “os pedidos de novos documentos ou mais informações são absolutamente comuns em processos como esses”. Também ontem, o ministério da Saúde informou que a vacinação deve ocorrer simultaneamente em todo o país, com distribuição proporcional de doses entre os entes federativos.

O ministério afirma que decidiu, em reunião com o Instituto Butantan, que as 100 milhões de doses produzidas pela instituição serão incorporadas ao Programa Nacional de Vacinação (PNI) contra a Covid-19. Anteontem, o estado de São Paulo disse que manteria o início da vacinação local, previsto para 25 de janeiro. Mas, ontem, o governo paulista destacou que os contratos firmados com o governo federal têm cláusula de exclusividade e que cabe ao Programa Nacional de Imunizações distribuir as vacinas aos estados. Ontem, o Brasil registrou a maior média móvel de mortes, 988, desde 22 de agosto. A média móvel de casos ficou em 59.750, a maior desde o início do consórcio dos veículos de imprensa, em março.