Valor econômico, v. 21, n. 5188, 12/02/2021. Brasil, p. A4

 

TI cresce 95,6% desde 2012 e ganha impulso na pandemia

Lucianne Carneiro

12/02/2021

 

 

Setor cresceu 8,3% em 2020, na contramão da média dos demais serviços

Os serviços de tecnologia da informação quase dobraram de tamanho entre 2012 e 2020, com alta acumulada de 95,6%, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde 2012, o segmento tem crescimento anual ininterrupto.

No ano passado, enquanto a pandemia derrubou as atividades de serviços como um todo, com perda de 7,8%, o setor se beneficiou e fechou o ano com expansão expressiva, de 8,3%, puxado pelo avanço do home office e do comércio eletrônico. Em dezembro, atingiu o maior patamar da série histórica. O setor já vinha sendo beneficiado pela transformação digital da economia, que se tornou ainda mais intensa com a necessidade de isolamento social.

“A tecnologia da informação é hoje uma atividade fundamental para a sobrevivência e para a capacidade de crescimento de empresas de todos os setores. A pandemia trouxe um impulso para este setor, que já vinha em expansão. É um setor que não precisa de contato, ele não tem o caráter presencial como os demais serviços, que vêm sofrendo por causa do isolamento social”, afirma Rodrigo Lobo, gerente da PMS, do IBGE.

Os serviços de tecnologia da informação são um dos ramos dos serviços de informação e comunicação, que por sua vez são um dos cinco grandes grupos de serviços acompanhados pela pesquisa do IBGE. O segmento é formado por empresas de desenvolvimento de softwares, consultoria em tecnologia da informação, suporte técnico e manutenção, tratamentos de dados e portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet. É constituído por grandes multinacionais, mas também empresas de pequeno e médio porte.

São companhias em geral globalizadas, lembra Lobo, com foco em inovação tecnológica e que não dependem de um mercado restrito a um bairro ou cidade, como é o caso de atividades de caráter presencial, como hotéis ou restaurantes.

O setor teve crescimento de dois dígitos em quatro anos do período entre 2012 e 2020: 11,2% em 2012, 13% em 2013, 11,7% em 2014 e 13% em 2019. Mesmo durante a recessão de 2015 a 2017, se manteve com taxas positivas: 4,5% em 2015, 0,1% em 2016 e 2,0% em 2017.

Agora, na crise provocada pela pandemia, conseguiu não só evitar o campo negativo como também ganhou impulso.

“A pandemia trouxe ganhos extraordinários para essas empresas, com maior demanda para serviços como comunicação à distância, soluções para melhor gestão do negócio e para operações digitais, por exemplo”, aponta o gerente da PMS.

Economista da LCA Consultores, Luccas Roca concorda que a transição digital e as mudanças da economia nos últimos anos estão por trás do crescimento dos serviços de tecnologia da informação. Há uma tendência clara de expansão nos últimos anos, que em 2020 foi favorecida pela conjuntura da pandemia e o avanço do home office, tornando o setor “um vencedor” em meio a desempenhos negativos de outros grupos de serviços.

“Os serviços têm comportamentos muito distintos e o setor de tecnologia da informação definitivamente foi um vencedor no ano passado. Ele surfou na nova realidade da pandemia”, diz.