Correio braziliense, n. 21056, 17/01/2021. Cidades, p. 13

 

Parlamentares apostam no centro

Samara Schwingel 

17/01/2021

 

 

Em 1º de fevereiro, os oito deputados federais e os três senadores que representam o Distrito Federal no Congresso Nacional vão se unir aos colegas de outras unidades da Federação para escolher os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Bastidores indicam que a maioria dos senadores da capital deve apoiar Simone Tebet (MDB-MS) e, na Câmara, Arthur Lira (PP-AL) conta com o suporte de, pelo menos, cinco deputados do DF.

A bancada do DF, na Câmara, é composta por oito deputados, cada um de um partido distinto. São eles: Bia Kicis (PSL), Celina Leão (PP), Professor Israel Batista (PV), Paula Belmonte (Cidadania), Luis Miranda (DEM), Flávia Arruda (PL), Erika Kokay (PT) e Júlio César Ribeiro (Republicanos). Em relação a eleição para presidente da Casa, os parlamentares podem optar por seguir a indicação ou a aliança da legenda ou apoiar outro candidato. Até o momento, a disputa está polarizada entre Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) — presidente do partido do governador Ibaneis Rocha. O emedebista conta com o apoio de 11 legendas: MDB, PSDB, DEM, PT, PSL, Cidadania, PV, PSB, PDT, PCdoB e Rede. Arthur Lira está com o PP, Solidariedade, PL, PSD, Patriota, PSC, Pros e Avante, além de ser o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Apesar das alianças e das confirmações de apoio, o voto para escolha do presidente da Câmara é secreto. Por isso, a preferência de um partido a uma candidatura, não significa que todos os filiados escolherão no candidato da legenda. Por exemplo, o deputado Luis Miranda irá contra a orientação do DEM e deve apoiar Arthur Lira — que também deve contar com os votos de Bia Kicis, Júlio César, Flávia Arruda e Celina Leão. Paula Belmonte ainda não definiu o voto. Erika Kokay e o professor Israel Batista declararam apoio ao deputado Baleia Rossi.

Mesmo com toda a movimentação, o resultado da eleição pode ser diferente para a bancada do DF. De acordo com o professor de ciências políticas da Universidade de Brasília (UnB) Lúcio Rennó, o fato de os dois principais candidatos serem de partidos de centro, dificulta a previsão do voto de quem ainda não fez uma opção, ademais, os parlamentares com escolhas definidas podem "mudar de lado". "A disputa está muito centrada em dois candidatos que, de certa forma, são parecidos. Por isso, é possível que os deputados se movimentem mais. O resultado pode surpreender", avalia.

Senadores

No Senado, o DF tem três cadeiras — ocupadas por Izalci Lucas (PSDB), Leila Barros (PSB) e José Antônio Reguffe (Podemos). A disputa para a Presidência, está dividida, sobretudo, entre a candidata do MDB, Simone Tebet (MS), que conta, até o momento, com apoio do Podemos; e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com suporte do PSD, PT, Republicanos, Pros, PDT e PSC. Entre os representantes do DF, deve levar a maioria. Reguffe, que foi candidato na última eleição da Casa, na qual recebeu seis votos, declarou que seguirá o partido e apoiará , por acreditar que o Senado "precisa de mudanças" (leia mais na página 14). Há expectativas de que Leila Barros também vote na emedebista, apesar dela ainda não ter declarado publicamente apoio. O senador Izalci Lucas afirmou que vai votar em Pacheco por "questões regionais".

O cientista político Fábio Vidal analisa que, ao assumir o apoio a um candidato, os parlamentares do DF se posicionam e, consequentemente, correm riscos. "Caso o candidato escolhido pela maioria da bancada vença, será mais fácil somar forças e ter apoio para aprovar projetos que beneficiem a capital federal. Porém, o contrário também é verdade e, se o candidato adversário for o vencedor, os senadores podem encontrar resistência na aprovação de textos, por exemplo", explica.

Efeitos

Apesar de a eleição no Congresso Nacional não ter a participação direta da população, é importante que os eleitores fiquem atentos. Segundo Fábio, entre os deputados, a tendência de apoio a Arthur Lira indica um alinhamento com o governo federal e estadual. "Não é novidade que a atual gestão do DF mantém relações próximas com a União. Sendo assim, quando os parlamentares apoiam o escolhido por Jair Bolsonaro demonstram, também, um alinhamento de ideias ao GDF", comenta. E esse posicionamento, reforça Fábio, pode facilitar a aprovação de projetos dos parlamentares.

Além disso, alguns podem lançar candidaturas ao governo do DF nas eleições de 2022. Izalci Lucas e Reguffe, por exemplo, são nomes cotados. "Com as alianças e os acordos, ficam mais claras as intenções e os posicionamentos de cada senador e de cada deputado. Apesar dos votos secretos, a movimentação nos diz muito", finaliza Fábio Vidal.

Intenções de voto dos deputados e dos senadores do DF

Deputado Partido Voto
Bia Kicis PSL Arthur Lira (PP-AL)
Luis Miranda DEM Arthur Lira (PP-AL)
Celina Leão PP Arthur Lira (PP-AL)
Júlio César Republicanos Arthur Lira (PP-AL)
Paula Belmonte Cidadania Ainda não definiu
Israel Batista PV Baleia Rossi (MDB-SP)
Flávia Arruda PL Arthur Lira (PP-AL)
Erika Kokay PT Baleia Rossi (MDB-SP)

Senador Partido Voto
Leila Barros PSB Ainda não definiu
Reguffe Podemos Simone Tebet (MDB-MS)
Izalci Lucas PSDB Rodrigo Pacheco (DEM-MG)

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Entenda as eleições nas Casas

17/01/2021

 

 

As eleições para a Presidência da Câmara e para a do Senado ocorrem no mesmo dia, 1º de fevereiro, porém o procedimento de cada uma é distinto. Para iniciar o processo na Câmara, é necessário o quórum mínimo de 257 deputados, ou seja, a metade mais um da quantidade total de parlamentares (513). Cada deputado escolhe os candidatos para os cargos em disputa: presidente, 1º vice-presidente, 2º vice-presidente, quatro secretários e quatro suplentes. Para ser eleito em primeiro turno, o postulante precisa ter 257 votos a favor. Caso isso não ocorra, os dois mais votados disputam o segundo turno. 

No Senado, a reunião preparatória para escolha do presidente pode ser aberta com o quórum mínimo de 14 senadores, o equivalente a um sexto da composição do Senado. Para ser eleito, o candidato precisa ter o voto de 41 dos 81 senadores. Caso nenhum dos candidatos alcance a marca, há segundo turno ou mais, se necessário. Se houver apenas um candidato, a votação é feita pelo painel eletrônico (votando “sim”, “não” ou “abstenção”). Assim como na Câmara, o voto é secreto.