Correio braziliense, n. 21054, 15/01/2021. Economia, p. 7
Auditores: exoneração anulada
15/01/2021
A Controladoria-Geral da União (CGU) anulou o processo que levou à demissão de dois auditores do Banco do Brasil (BB) no ano passado, ainda na gestão de Rubem Novaes. A decisão atende a um recurso dos auditores, que classificaram a demissão como uma ingerência política que tentava travar a fiscalização de assuntos relativos ao banco.
A decisão da CGU foi publicada, ontem, no Diário Oficial, mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou demitir o sucessor de Rubem Novaes, André Brandão, por conta da repercussão negativa do plano de reestruturação do BB, que prevê o desligamento de 5 mil funcionários e o fechamento de 361 agências.
A CGU explicou que a "decisão decorre da identificação de falha processual na condução da ação disciplinar" que levou à demissão dos auditores. A medida, assinada pelo controlador-geral da União, Gilberto Waller Júnior, ainda determina a instauração de um "procedimento correcional acusatório, a ser conduzido pela Corregedoria-Geral da União, para apuração dos fatos ali tratados".
Investigação
A demissão dos auditores do BB também é alvo de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU), que analisa a questão desde outubro do ano passado, a pedido do Ministério Público. A representação investiga se a gestão do banco interferiu no processo de auditoria interna para evitar a apuração de assuntos sensíveis à instituição.
A gestão de Rubem Novaes foi marcada por polêmicas. O TCU investiga, por exemplo, se houve interferência política nas nomeações do fundo de pensão do BB, a Previ. A Corte de Contas também chegou a suspender, no ano passado, as propagandas do BB na internet, para evitar o repasse de verba pública para sites de fake news. Novaes ainda ficou conhecido pela vontade de privatizar o BB e pelas críticas ao clima político de Brasília. Por isso, pediu demissão no ano passado, dando lugar a André Brandão.
O Banco do Brasil foi questionado sobre o processo de readmissão dos auditores em questão. Porém, em nota, disse que "solicitará esclarecimentos à Controladoria- Geral da União, com vistas a uma melhor compreensão dos seus fundamentos". O BB também reafirmou a "correção dos procedimentos adotados no âmbito do seu controle disciplinar, que contaram com a participação de auditoria independente na investigação dos fatos". (MB)