Correio braziliense, n. 21052, 13/01/2021. Brasil, p. 5

 

Saúde força uso da cloroquina

13/01/2021

 

 

Por meio de um ofício enviado à secretaria de Saúde de Manaus, Shadia Hussami Hauache Fraxe, no último dia 7, o Ministério da Saúde pressionou a gestão municipal a utilizar medicamentos antivirais sem qualquer comprovação científica. O documento é assinado pela secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Isabel Correia Pinheiro, e diz ser "inadmissível" a não adoção da referida orientação.

O ministério tem prescrito a utilização da ivermectina e da cloroquina. Mas, em documento com orientações do MS, "para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da covid-19" (nota informativa nº17/2020), de agosto do ano passado, a pasta orienta o uso de cloroquina e azitromicina para o tratamento de paciente com sintomas leves da covid-19.

Na nota, a pasta justifica que considera "a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde), e a inexistência, até o momento, de outro tratamento eficaz disponível para covid-19". Durante o evento em Manaus, ao falar sobre recursos executados no estado do Amazonas, Mayra afirmou que foram distribuídos e entregues em janeiro "120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o tratamento precoce da doença e mais de nove mil unidades de medicamentos para uso durante a intubação".

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre o assunto, dizendo que precisou intervir em Manaus porque a cidade não estava fazendo "tratamento precoce" na população diagnosticada com covid-19, e que, por isso, houve aumento de mortes. Ele voltou a defender o uso dos medicamentos.

Ao Correio, o ministério afirmou que o tratamento precoce aumenta as chances de recuperação dos infectados. "Reforçamos que o protocolo está a critério dos profissionais de saúde, em acordo com a vontade dos pacientes, e que cabe ao ministério orientar as medidas preventivas e de atendimento precoce contra a covid-19", explicou em nota. (MEC e ST)