Correio braziliense, n. 21052, 13/01/2021. Política, p. 3

 

Conselho de Ética do PSL estuda expulsões

Luiz Calcagno 

13/01/2021

 

 

O grupo de deputados bolsonaristas do PSL que decidiu divergir da posição do partido e apoiar Arthur Lira (PP-AL) para a Presidência da Câmara corre o risco de ser expulso da legenda. Vinte dos 36 integrantes da bancada fecharam com o político alagoano, que tem o respaldo do presidente Jair Bolsonaro na corrida eleitoral pelo comando da Casa. Os rebeldes respondem a processo por infidelidade partidária e, se condenados, podem até perder o mandato. A Executiva Nacional da sigla aprovou, por unanimidade, ontem, representações contra o grupo ao Conselho de Ética da legenda.

A expectativa é de que o processo chegue ao fim com a expulsão dos parlamentares antes mesmo de fevereiro, mês no qual ocorrerá a eleição à Presidência da Câmara. O Conselho de Ética se reunirá amanhã, às 9h, para receber as representações, de autoria do 2º vice-presidente do PSL, o deputado Junior Bozzella (SP). Após a apreciação, o colegiado encaminhará as notificações aos parlamentares processados. Eles terão prazo de cinco dias corridos para se defender. Em seguida, o conselho dará um parecer.

Em nota, o partido esclareceu que a decisão colegiado "ainda precisará ser referendada pela Executiva Nacional e, posteriormente, pelo diretório nacional do PSL".

A legenda apoia, oficialmente, a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). O deputado tem o respaldo do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que defende a independência da Casa em relação ao Executivo.

Embora o PSL mire a cassação dos 20 mandatos, os infiéis desejam a expulsão para mudar de sigla. Respondem ao processo administrativo General Girão (RN), Bia Kicis (DF), Carlos Jordy (RJ), Chris Tonietto (RJ), Sanderson (RS), Bibo Nunes (RS), Eduardo Bolsonaro (SP), Guiga Peixoto (SP), Coronel Tadeu (SP), Major Fabiana (RJ), Daniel Silveira (RJ), Vitor Hugo (GO), Carla Zambelli (SP), Alê Silva (MG), Helio Lopes (RJ), Aline Sleutjes (PR), Caroline de Toni (SC), Filipe Barros (PR), Junio Amaral (MG) e Márcio Labre (RJ).

Mandatos

De acordo com Junior Bozzella, há indícios suficientes para que os dissidentes sejam condenados por infidelidade partidária. O último episódio aconteceu nas eleições municipais de 2020, quando os bolsonaristas fizeram campanha contra os candidatos do próprio partido. Porém, conforme o parlamentar, a perda do mandato é um segundo processo, desta vez, judicial, em que a legenda ou o suplente pedem o cargo para si.

"Toda perda de mandato é relativa. O suplente tem de pedir. É um processo que corre na Justiça. Eu fiz as representações com relação aos 20. Temos elementos suficientes, ao longo dos últimos dois anos. E eles são reincidentes. Nas eleições, por exemplo, apoiaram candidaturas contrárias ao PSL. Tivemos candidaturas vítimas desses deputados fazendo complô e declaração pública contra eles", ressaltou. "Isso confunde o eleitor. Na minha opinião, tem de expulsar. Não dá para esses deputados mais infiéis, radicais, permanecerem. Eles rasgaram o dinheiro público que o PSL investiu nessas candidaturas."

Questionado sobre pedir os mandatos dos dissidentes, o deputado disse acreditar que eles pertencem ao partido e aos suplentes, e não aos parlamentares processados.