Correio braziliense, n. 21051, 12/01/2021. Cidades, p. 15

 

Esperança contra a covid-19

Alan Rios 

Samara Schwingel

12/01/2021

 

 

Em meio às fragilidades sanitárias e sociais de uma pandemia, a ciência continua buscando e entregando alternativas de combate à covid-19. Além dos testes da vacina — que geraram dois pedidos de uso emergencial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nos últimos dias —, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) também se destacam com um estudo que aponta um potencial preventivo e terapêutico de uma proteína contra a doença, a alfa-1-antitripsina (A1AT).

A análise dos pesquisadores do Laboratório de Neurovirologia Molecular da Faculdade de Ciências da Saúde (FS) foi publicada na revista internacional Reviews in Medical Virology. A proteína em si não é uma novidade, pois ela já é conhecida pela comunidade científica e utilizada por profissionais da saúde, mas os docentes da UnB investigaram a ação específica contra o Sars-Cov2, vírus da covid-19, e perceberam possíveis benefícios contra a infecção e para o tratamento de casos graves.

Um dos autores do artigo é o doutor em virologia molecular e docente do Departamento de Farmácia da UnB Enrique Argañaraz. "A A1AT poderia ser usada no tratamento da infecção, já que ela previne a contaminação, e também no combate às complicações clínicas relacionadas à covid-19, como a inflamação aguda, conhecida como 'tempestade de citocinas', e a 'coagulação intravascular disseminada'. Ou seja, uma vez detectada a infecção, poderia ser parte de um protocolo de tratamento", explica o professor. O grupo de estudo de Enrique já havia trabalhado com a proteína alfa-1-antitripsina em pesquisas sobre o HIV. As análises constataram uma alteração na gravidade do quadro dos pacientes, um fator protetivo contra infecções virais e uma atuação anti-inflamatória da proteína, a partir da A1AT. O grupo do docente está em fase de busca de investimento para seguir com a pesquisa.

Leitos

O Secretário de Saúde Osnei Okumoto participou, ontem, de uma cerimônia de entrega de 20 leitos no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Ele ressaltou a taxa de transmissão controlada do novo coronavírus no DF e confirmou uma reunião com promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para detalhar o Plano Distrital de Vacinação. "Temos um índice de transmissão abaixo de 1. Através da junção de dados, o Ministério da Saúde tem feito um acompanhamento junto ao GDF. Na última semana, fechamos em 0,89 de transmissão. Tivemos uma queda de até 0,74; houve um aumento, mas ainda abaixo de 1. Isso nos dá uma comodidade em relação à abertura de leitos", comentou.

Osnei informou que há em torno de 170 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) distribuídos pela capital, somando a capacidade pública com a privada, e inaugurou 10 leitos de UTI e 10 de enfermaria cirúrgica no Hran. Apesar de os equipamentos não serem voltados para o tratamento de pacientes com a covid-19, há uma possibilidade futura de mudanças, a depender do avanço da pandemia.

O último boletim da Secretaria de Saúde, divulgado ontem, mostra 259.797 infecções totais na capital, sendo 6.481 ativas e 986 novos casos. Nesta segunda-feira, também foram registradas 12 mortes em decorrência da doença, totalizando 4.368 óbitos no DF. A taxa de reprodução está em 0,87%