Correio braziliense, n. 21050, 11/01/2021. Mundo, p. 10

 

A espada de Conan como símbolo da democracia

11/01/2021

 

 

Com a espada usada pelo personagem Conan, interpretado por ele, o ator e ex-governador da Califórnia pelo Partido Republicano Arnold Schwarzenegger divulgou um vídeo no qual fez um defesa da democracia norte-americana, atacou o presidente Donald Trump e associou a invasão do Capitólio à “Noite dos Cristais” — um tumulto ocorrido em 1938, na Alemanha, em que turbas inspiradas pelo nazismo queimaram sinagogas e destruíram lojas pertencentes a judeus. “Vocês veem essa espada? Esta é a espada do Conan. Quanto mais você forjar uma espada, mais forte ela se torna. Quanto mais você a golpeia com um martelo e depois a queima no fogo, e a lança na água fria, e a golpeia novamente, e a mergulha no fogo e na água... Quanto mais você faz isso, mais ela se fortalece”, afirmou. “Nossa democracia é como o aço desta espada. (…) Nossa democracia foi forjada em guerras, injustiças e insurreições. (…) Nós sairemos mais fortes porque, agora, entendemos o que pode ser perdido”, acrescentou. Segundo Schwarzenegger, os vândalos que estilhaçaram os vidros do Capitólio também o fizeram com as ideias e pisotearam os princípios básicos sobre os quais a nação foi assentada.” O ator e político classificou Trump como um “líder fracassado”. “Ele descerá para a história como o pior presidente de todos os tempos. A boa coisa é que, em breve, será tão irrelevante quanto um velho tuíte”, disparou, antes de desejar sucesso ao presidente eleito, Joe Biden. “Nós o apoiamos com todos os nossos corações, enquanto você busca nos manter coesos. Para aqueles que pensam que podem reverter a Constituição dos Estados Unidos, saibam disto: vocês jamais vencerão.”

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O futuro do país está nas mãos do vice discreto 

11/01/2021

 

 

A animosidade entre Donald Trump e o vice, Mike Pence, poderá ser o fiel da balança do futuro político do magnata republicano. Depois de Trump avisar que não irá à posse de Joe Biden, Pence confirmou presença na solenidade, revelou a imprensa norte-americana. A decisão marca o contraponto entre as duas principais lideranças dos Estados Unidos. De acordo com a mídia dos EUA, Trump e Pence não se falam desde a quarta-feira, quando os vândalos assaltaram o Capitólio, depois de incitados pelo presidente. O atual titular da Casa Branca teria ficado enfurecido com o gesto do vice de não firmar oposição à certificação da vitória de Biden em uma sessão do Congresso comandada pelo próprio Pence, que acumula o cargo de Presidente do Senado. “Um dos mais fiéis a Trump é, agora, o inimigo público número um no entorno do presidente”, resumiu o deputado republicano Adam Kinzinger, em entrevista à emissora ABC. Na quarta-feira, enquanto o Capitólio era invadido, Trump fustigava o companheiro de governo. “Mike Pence não teve coragem de fazer o que deveria ter feito para proteger o nosso país e a nossa Constituição”, tuitou. Vídeos publicados nas redes sociais mostram vários simpatizantes de Trump gritando “Enforquem Mike Pence”; outros chamavam o vice de “covarde”, enquanto caminhavam pelos corredores do Capitólio. Durante a confusão, Pence e a família estavam em um bunker do Congresso. Aos 61 anos, Pence é impassível e discreto. “É sólido como uma rocha, foi um vice fantástico”, comentou Trump, meses atrás. O futuro do magnata está nas mãos do vice. Se quiser, Pence pode invocar a 25ª Emenda da Constituição e abreviar o fim político daquele a quem mostrava lealdade.

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Semana desastrosa 

11/01/2021

 

 

Confira os desdobramentos políticos que lançaram Trump no limbo

Domingo, 3 de janeiro

O jornal The Washington Post divulga uma gravação de áudio em que o magnata republicano insta Brad Raffensperger, a principal autoridade eleitoral da Geórgia, a “encontrar” 11.780 votos. “Não há nada em errado em dizer que você recalculou os votos”, sugeriu Trump. “Quero apenas encontrar 11.780 votos (…), porque vencemos nesse estado.”

Quarta-feira, 6 de janeiro

Em Washington, durante comício denominado “Salvem a América”, Trump exorta os simpatizantes a marcharem até o Congresso e avisa: “Se vocês não lutarem como o diabo, vocês não terão mais um país”. À tarde, vândalos invadem e depredam o Capitólio (foto), que se reunia para certificar a vitória eleitoral de Joe Biden. O ataque deixa cinco mortos.

Quinta-feira, 7 de janeiro

Depois de uma sessão histórica que se arrasta por toda a madrugada, o Congresso certifica a vitória de Biden. À noite, Trump divulga vídeo no Twitter em que se diz “perplexo com a violência e a ilegalidade”, pede reconciliação e reconhece, pela primeira vez, o governo de Biden. Os democratas começam a se articular para invocar a 25ª Emenda da Constituição e admitem a abertura de um processo de impeachment.

Sexta-feira, 8 de janeiro

Trump usa o Twitter para avisar que não comparecerá à posse de Biden, em 20 de janeiro, e volta a incitar os simpatizantes. “Os 75 milhões de grandes patriotas americanos que votarão em mim (…) terão uma voz gigante no futuro. Eles não serão desrespeitados ou tratados injustamente!!!”, escreveu. À noite, o Twitter cancela a conta de Trump.

Sábado, 9 de janeiro

As autoridades anunciam que mais de 90 pessoas foram presas pela invasão ao Capitólio. Cresce a pressão pela saída de Donald Trump, assim como a condenação internacional.

PRI-1101-1006 

Eu acho...

 “A invasão ao Capitólio é sinal de que a democracia norte-americana está sob cerco de uma determinada minoria, que não respeita as tradições que fizeram dela um farol para o mundo. Mas, não significa que a democracia esteja morrendo. A nação sobreviveu à Guerra Civil e ressurgiu, mais forte do que nunca. A nossa democracia está sob ameaça, mas não foi derrotada.” 

Allan Lichtman, historiador político da American University (em Washington)