O globo, n. 31929, 06/01/2021. País, p. 5
Após acordo em Minas, Pacheco conquista apoio do PSD no Senado
Natália Portinari
06/01/2021
Candidato do DEM à presidência da Casa se reuniu com caciques da sigla e abriu mão de disputar governo em 2022
O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) conquistou ontem o apoio do PSD à sua candidatura para comandar a Casa. Com 11 integrantes, o partido tem a segunda maior bancada do Senado. O acordo foi selado em um encontro em Minas Gerais com caciques da legenda. Depois, a bancada participou de uma reunião em que a adesão foi chancelada de forma unânime.
Conforme informou o colunista Lauro Jardim, participaram da primeira conversa o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD); Gilberto Kassab, presidente da sigla; o líder da legenda na Casa, Otto Alencar (BA); os senadores mineiros Antonio Anastasia, Carlos Viana e o próprio Rodrigo Pacheco. O encontro ocorreu na casa de Kalil.
Kalil e Carlos Viana são pré-candidatos ao governo do estado. Ficou acertada a desistência de Pacheco na disputa pelo cargo e o apoio do DEM ao candidato do PSD em 2022. A aliança local pavimentou o apoio no Senado, depois levado aos demais senadores do partido.
Otto Alencar cogitava até então lançar uma candidatura própria, mas abriu mão da ideia em prol de Pacheco.
— O PSD quer marchar unido —disse o líder.
A bancada oficializou o apoio logo após a reunião virtual, na noite de ontem. “O PSD entende que o senador Rodrigo Pacheco reúne todas as condições para presidir, contribuir e garantir as tradições políticas, administrativas e legais que regem o funcionamento do Senado Federal”, afirmou, em nota, a bancada do PSD na Casa.
AGENDA DE VIAGENS
Pacheco já deu início a uma agenda de viagens. Anteontem, ele almoçou com o senador Carlos Portinho (PLRJ) em um sítio em Santana do Deserto (MG), na divisa com o Rio. A bancada do PL, de três senadores, também tende a apoiá-lo.
Ele saiu na frente do MDB, maior legenda doSenado, com 13 integrantes. O partido tem quatro pré-candidatos e busca um acordo interno. A indecisão fez com que a sigla saísse na retaguarda, lamentam senadores emedebistas em reservado.
Os senadores Eduardo Braga (AM), Simone Tebet (MS), Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra (PE) disputam a preferência interna no MDB. O consenso é que o nome que agregar mais apoios fora do partido será oficializado na disputa. A legenda ainda nem marcou data para a reunião que definirá seu candidato.
Em outros partidos, a corrida também está indefinida. O PSDB, com sete senadores, deve definir o apoio só depois do dia 15 de janeiro. Mas a previsão é de que irá marchar junto com o Podemos, com dez parlamentares. O MDB espera conquistar o apoio desse grupo para virar o jogo e minar a composição de Rodrigo Pacheco.
— Estamos conversando com todo mundo. Não fechamos uma posição. A ideia é buscar o maior número de partidos que compartilhem essa visão de independência do Senado — diz o senador Izalci Lucas (PSDB-DF).
O PSDB também tenta agregar Cidadania (3) e PSL (2) a seu bloco, conversas que estão “bem encaminhadas”, de acordo com Izalci.
No caso do Podemos, no entanto, as alianças podem ter um obstáculo, já que boa parte dos senadores integra o grupo “Muda Senado”, com bandeiras de combate à corrupção e defesa da Operação Lava-Jato, que tinha a intenção de lançar um candidato também. O movimento de senadores, no entanto, está desarticulado no momento.
Pacheco conta com o apoio de Davi Alcolumbre (DEM-AP), atual presidente do Senado, que o levou antes do Natal a um almoço com o presidente Jair Bolsonaro. O Planalto promete se manter discreto, especialmente se o MDB escolher um nome alinhado. Eduardo Gomes e Fernando Bezerra Coelho são, respectivamente, líder do governo no Congresso e no Senado.
No final do ano passado, em uma conversa com os seis senadores do PT, Pacheco evitou se colocar como um nome alinhado com o Planalto. Na reunião, ele não tratou do governo Bolsonaro e disse apenas defender a democracia e os direitos humanos.