Correio braziliense, n. 21046, 07/01/2021. Economia, p. 6

 

Dívidas em alta

07/01/2021

 

 

O endividamento das famílias brasileiras voltou a crescer no fim de 2020 e deve continuar em alta, já que o fim do auxílio emergencial e a alta do desemprego podem deixar muitos brasileiros sem ter como pagar as contas nos próximos meses. A projeção é da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, a parcela das famílias que têm dívidas saiu de 66%, em novembro para 66,3% em dezembro e terminou 2020 acima dos 65,6% observados no fim de 2019.
O aumento ocorreu tanto entre as famílias que ganham até 10 salários mínimos, quanto nas de maior renda. Porém, é maior nos lares de menor renda — 67,7%, contra 60% das famílias mais abastadas.

Para a economista da CNC Izis Ferreira, nas famílias de renda mais elevada, o endividamento foi puxado pela retomada do consumo, com a flexibilização do isolamento social e as festas de fim de ano. Entre as famílias mais pobres, o endividamento está relacionado à alta do desemprego e ao fim do auxílio emergencial.

Apesar do aumento do endividamento, a inadimplência caiu nos últimos meses. No fim de 2020, o percentual de famílias com contas em atraso recuou de 25,7% para 25,2%. Izis explicou que estímulos aprovados na pandemia de covid-19, como o auxílio emergencial e as pausas dos financiamentos bancários, ajudaram os brasileiros a manter as contas em dia. A economista, porém, admitiu que, com o fim desses programas, a tendência também é de aumento da inadimplência. (MB)