O Estado de São Paulo, n.46371, 02/10/2020. Política, p.A9

 

Nome deve ser 'anticorrupção', afirma Moro

Breno Pires

02/10/2020

 

 

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirmou ontem que o Senado deve assegurar que o nome indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) seja comprometido com a agenda anticorrupção.

O ex-juiz da Lava Jato disse que não se referia a nenhum nome específico, mas enfatizou que senadores devem perguntar: "O candidato é comprometido ou não com a agenda anticorrupção?"

O comentário de Moro foi feito durante debate da Frente Ética Contra a Corrupção, da Câmara dos Deputados, horas antes de o presidente Jair Bolsonaro confirmar, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, que pretende indicar o desembargador Kassio Marques, do Tribunal Regional Federal da 1ª. Região (TRF-1) ao Supremo.

Durante o debate, Moro voltou a defender a aprovação de mudanças nas leis com o objetivo de aprimorar o combate à corrupção. Ele repetiu o argumento de que a execução de prisão após condenação em segunda instância e o fim do foro privilegiado são fundamentais – as duas propostas estão em discussão no Congresso.

'Demanda'. "Também, uma forma de obter reformas em prol da agenda anticorrupção é que a escolha do candidato (ao Supremo) seja uma escolha muito boa e que o Senado exerça seu crivo sobre o candidato para saber se há comprometimento ou não com a agenda anticorrupção. Se essa é uma demanda da sociedade, se isso foi um fator determinante (nas eleições) em 2018", afirmou o ex-juiz.

Moro disse ainda que o tribunal tem um papel de controle de constitucionalidade que "pode fazer a diferença". "No período em que era majoritariamente pró-Lava Jato, fez uma grande diferença a atuação do Supremo Tribunal Federal."