Valor econômico, v. 21, n. 5183, 05/02/2021. Política, p. A8

 

Pacheco e Lira vão a Guedes para negociar auxílio

Vandson Lima

Marcelo Ribeiro

Raphael Di Cunto

05/02/2021

 

 

Ministro acenou com a possibilidade de serem tomadas medidas para a população economicamente mais vulnerável

Os novos presidentes do Senado e da Câmara, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e deputado Arthur Lira (PP-AL), procuraram ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, com o objetivo de construir uma agenda que concilie a necessidade de assistir a população que deixou de receber o auxílio emergencial com a responsabilidade fiscal. No fim do dia, Guedes fez um breve aceno à possibilidade de serem tomadas medidas para a população economicamente mais vulnerável, mas sem dar detalhes.

Pacheco e Lira reuniram-se pela manhã para tratar da reforma tributária e, depois do encontro, o presidente do Senado afirmou que havia conversado mais cedo com Guedes por telefone. Contou ter pedido uma reunião com o chefe da equipe econômica para que ele e Lira comecem a discutir com o ministro “a compatibilização da necessidade de ter assistência social com a responsabilidade fiscal”.

Mais tarde, confirmou que o encontro deveria ocorrer às 18h e que o tema central seria o auxílio emergencial. “Este é o assunto do momento”, disse Pacheco, que acabou adiando sua ida ao Ministério da Economia em razão de votações que ocorriam no plenário do Senado no mesmo horário.

O presidente da Câmara, no entanto, manteve o compromisso. “Estou parabenizando o deputado Arthur Lira. Foi uma vitória expressiva, importante, que nos deixa esperançosos e até confiantes na retomada da agenda de reformas. Vamos trabalhar juntos. Estamos 100% à disposição do Congresso para trabalharmos juntos”, afirmou Guedes ao lado de Lira, depois do encontro.

O ministro pontuou que o governo agora avalia estar preparado para lidar com a pandemia. “Já temos o protocolo de enfrentamento da crise e o Brasil demonstrou capacidade de se ajustar. A economia voltou em V, digitalizamos 64 milhões de brasileiros, ajudamos a proteger. Terminamos o ano criando. Se a pandemia nos ameaçar, sabemos como reagir”, afirmou. “A saúde e economia andam juntas. Vacinação em massa, proteção aos mais vulneráveis. Há medidas que não tê efeito fiscal, como antecipação para os mais frágeis, idosos, antecipação do décimo terceiro, enquanto retomamos as reformas, PEC do pacto federativo, independência do Banco Central, reforma administrativa. Estamos retomando essas agendas em perfeita harmonia.”

Lira procurou seguir a mesma linha de harmonia. “Temos boas notícias, o governo está com tudo programado, já tem a receita de como combater os efeitos da pandemia. Estaremos à disposição com muito diálogo. Estamos absolutamente sintonizados com o ministério e a agenda das reformas”, destacou o deputado.

Mais cedo, Lira reiterou que ele e Pacheco querem avançar com reforma administrava e PEC Emergencial o mais rápido possível. O presidente da Câmara disse que comissões da Casa serão instaladas apenas após o carnaval e que não vê dificuldades para a tramitação de propostas de emendas constitucionais (PECs).

Já o senador do DEM confirmou a expectativa de instalar a Comissão Mista de Orçamento (CMO) na terça-feira, mas ponderou que “depende de alinhamento com líderes partidários”. A disputa da eleição da mesa entre dois grupos impediu que a CMO fosse instalada no ano passado.