Correio braziliense, n. 21044, 05/01/2021. Economia, p. 5

 

2021, o ano da retomada

Mariana Fernandes 

Lorena Pacheco 

Karolini Bandeira 

05/01/2021

 

 

O ano de 2020 começou com muitas promessas para os concurseiros. Haveria certame para o Senado, Polícia Civil do Distrito Federal e para Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), entre vários outros editais grandes. Mas veio a pandemia da covid-19, tudo parou e ficou a insegurança. Apesar de o novo coronavírus continuar sendo transmitido, aos poucos, as seleções começam a ser retomadas em 2021. Tais como a da Polícia Federal (PF) e a da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que depois de muita espera, tiveram as provas autorizadas — 3 mil vagas efetivas ao todo. No DF, a Secretaria de Educação confirmou concurso para professores efetivos e o da Procuradoria-Geral tem comissão formada. Há, ainda, a expectativa de que Detran e Polícia Militar abram certames.

Apesar do sentimento de esperança e renovação típicos de começo de ano, não se pode esquecer que os custos com o funcionalismo e as contratações ficarão congelados durante todo este ano. Uma lei aprovada em maio passado, e incluída na Lei Complementar 173 (que criou o programa federal de enfrentamento à pandemia), impede União, estados e municípios de fazerem qualquer contratação, reajuste ou reforma administrativa que aumente despesas. Exceções estão previstas apenas para a reposição de cargos e contratações temporárias.

Mesmo nesse quadro de restrição, o governo federal prevê a contratação de mais de 50 mil servidores na Proposta de Lei Orçamentária para 2021 para reposições de vacâncias — a PLOA ainda está em tramitação e passível de alterações tanto pelo Executivo, quanto pelo Congresso. De acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), aprovada em dezembro passado, há a previsão de recursos para 12.358 cargos para provimento, sendo a grande maioria para o Poder Executivo (11.949) e o restante, para o Legislativo.

Segundo o professor do Departamento de Administração da UnB Francisco Antônio Coelho Júnior, provavelmente, ainda teremos um cenário de concursos públicos muito reativo neste primeiro semestre. "Em relação ao histórico dos últimos anos, teremos um cenário com certames limitados devido à pandemia e também aos primeiros impactos da reforma administrativa, que promete fazer uma limpeza na máquina pública. Acredito ainda que, no segundo semestre, o quadro continuará reativo, mas um pouco mais pró-ativo, no sentido de abertura de melhores oportunidades e ofertas. A autorização das seleções da PF e da PRF é um sinal de que podemos ter concursos na área das instituições da segurança pública, com foco mais direcionado, assim como na área do Judiciário, que sempre acontecem" diz. "Mas ainda será um ano instável, do ponto de vista de planejamento estratégico, de oferta de certames, sofrendo impactos das transformações das etapas da vacinação e imunização", explica.

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Vacinação ditará ritmo de certames 

05/01/2021

 

 

Dois mil e vinte e um terá um cenário bastante positivo para os concurseiros, mesmo diante das restrições previstas pela pandemia do novo coronavírus. É o que estima Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online. "Vários órgãos já se manifestaram sobre a urgente necessidade de fazer concurso, como Tribunal Regional Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar de Tocantins, entre outros. Além disso, muitas seleções de 2020 foram empurradas para 2021", lembra Granjeiro.
Para o especialista, inclusive, o primeiro trimestre do ano vai concentrar uma retomada intensa de certames e terá ainda a abertura de muitos novos. "Quem continuar se preparando vai precisar até escolher quais provas fazer, pois não conseguirá fazer tudo. Este ano representa a retomada dos concursos públicos. Será um ano de reinício", garante.

Quanto à insegurança diante de um ano em que ainda se vive a pandemia do novo coronavírus, Granjeiro explica que a situação não exclui a necessidade dos órgãos de contratação de mais servidores e as novas seleções serão realizadas mediante todos os cuidados necessários para evitar contaminações. "E logo teremos com as vacinas, uma segurança maior para fazer as provas de grande porte", diz, esperançoso.

Granjeiro salienta que PRF, PF e Senado são os maiores concursos do ano. "Mas, também, esperamos Tribunal de Contas da União (TCU) e a retomada de tudo que saiu ou que deveria ter saído em 2020, mas foi adiado. Diversos tribunais, secretarias de Fazenda e muitas outras oportunidades asseguradas", observa.

O concurso da PRF, autorizado em 24 de dezembro, vai oferecer 1.500 vagas de policiais e salários de aproximadamente R$10 mil. De acordo com a autorização, o edital deverá ser publicado até junho de 2021.

Edital no 1º semestre

Entretanto, segundo o diretor-executivo da PRF, José Lopes Hott Júnior, a previsão é de que o documento seja lançado ainda este mês. Para ele, é possível a realização de todas as fases da primeira etapa do concurso no primeiro semestre de 2021, e logo em sequência, no segundo semestre, seja realizado o curso de formação.

"A corporação tem o compromisso do governo federal de finalizar 2022 com a totalidade das vagas preenchidas e, para isso, será necessário prover aproximadamente 2 mil novos cargos, a depender do número de aposentadorias e vacâncias que forem saindo ao longo deste tempo", afirma Hott.
Mais adiantado nos preparativos, o próximo concurso público da PF também vai ofertar 1.500 vagas e já escolheu o Cebraspe como banca organizadora. As vagas serão distribuídas entre os cargos de delegado (123), escrivão (400), papiloscopista (84) e agente (893). O edital de abertura também deverá ser aberto até junho de 2021, com salários de aproximadamente R$ 12 mil.

Já o concurso público do Senado, também autorizado e muito aguardado entre os concurseiros, vai oferecer 40 vagas para técnicos e analistas. Os salários podem chegar a aproximadamente R$ 33 mil em alguns postos. De acordo com o projeto básico e preliminar da seleção, estão em disputa como bancas organizadoras o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural Assistencial (Idecan) e a Fundação Getulio Vargas, que deverão ser escolhidas por meio de dispensa de licitação. A administração da Casa alta do Congresso estima que cerca de 65 mil candidatos devem se inscrever na seleção. Ainda segundo o projeto, as provas objetivas e discursivas serão realizadas em todas as capitais e no Distrito Federal.

*Estagiária sob a supervisão de Lorena Pacheco