Título: Distribuição de riqueza no Brasil é a pior do mundo
Autor: Gombata, Marsílea
Fonte: Jornal do Brasil, 24/10/2008, Internacional, p. A22

Desemprego e diminuição dos salários nas zonas urbanas, que polarizam a distribuição entre os habitantes das regiões, são algumas das causas pelas quais hoje as cidades brasileiras têm as maiores disparidades na distribuição de riqueza no mundo. A constatação é trazida à luz pelo Informe de Estado das Cidades do Mundo de 2008 e 2009, da agência da Organização das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat), que destaca, ainda, que cidades americanas, apesar de mais ricas, possuem desigualdade tão expressiva quanto as encontradas na África e na América Latina.

¿ Nos países em desenvolvimento, são 3 milhões de pessoas se deslocando semanalmente para as cidades ¿ alerta Manuel Manrique, assessor do escritório regional para América Latina e Caribe do programa da ONU. ¿ Isso torna-se preocupante porque evidencia deficiências de infra-estrutura, como o transporte de massa. Muitas vezes, ainda, o aumento do espaço periférico gera mais ilegalidade, exclusão e desigualdade, pois esses moradores são obrigadas a ocupar espaços fora do mapa legal da metrópole.

Manrique explica que, na caracterização feita pelo estudo, foram percebidos fenômenos que acontecem de forma gritante, como uma em cada três pessoas vivendo em moradias precárias:

¿ Dentro da América Latina, Colômbia e Brasil são donos dos índices de maior desigualdade, com destaque para Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, que contrasta com o entorno onde muitos tem pouco, quando não quase nada.

O documento destaca centros como Atlanta, Nova Orleans, Washington D.C., Miami e Nova York com os mais altos níveis de desigualdade do país ¿ similares às cidades de Abidja, na Costa do Marfim ou Nairóbi, no Quênia.

Dentre as outras conclusões trazidas pelo informe estão o de que quase nenhuma cidade estará livre das conseqüências das mudanças climáticas, apesar de os centros urbanos mostrarem-se como a chave para reduzir as emissões de carbono e para a utilização sustentável dos recursos.

¿ São questões que começam a se transformar localmente, com trabalho feito de forma horizontal, entre associações de bairros, ONGs, prefeituras, técnicos especialistas e acadêmicos ¿ atenta Manrique.