O Estado de São Paulo, n.46368, 29/09/2020. Economia, p.B4

 

Dívida pública sobe 1,56% em agosto e vai a R$ 4,412 tri

Lorenna Rodrigues

29/09/2020

 

 

Segundo Tesouro, resultado reflete aumento de gastos para amenizar impacto da covid-19 na economia

A dívida pública federal em títulos – que inclui os débitos do governo no Brasil e no exterior – registrou aumento de 1,56% em agosto e atingiu R$ 4,412 trilhões, informou ontem a Secretaria do Tesouro Nacional. Em julho, os débitos públicos somavam R$ 4,344 trilhões.

A dívida pública é a emitida pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal. Ou seja, para pagar despesas que ficam acima da arrecadação com impostos e tributos.

No mês passado, de acordo com o governo, a dívida subiu porque as emissões de títulos públicos superaram as retiradas de papéis do mercado em R$ 31,89 bilhões. No total, o Tesouro emitiu R$ 114,102 bilhões em títulos e retirou R$ 82,208 bilhões do mercado.

O governo espera crescimento da dívida pública neste ano, por causa do aumento de gastos para conter o impacto da pandemia da covid-19.

Apesar de certos indicadores mostrarem melhora devido a um ambiente externo mais favorável, o Tesouro afirma que há incerteza de investidores sobre as contas públicas brasileiras, o que tem limitado os números e pressionado taxas de juros no longo prazo.

"No mercado doméstico, a gente não viu um cenário tão favorável quanto no mercado externo", afirmou Luis Felipe Vital, coordenador-geral de operações da dívida pública do Tesouro. "A gente viu a curva de juros subir mais uma vez, principalmente nos vértices (prazos) mais longos. Ou seja, a curva de juros ganhando inclinação, com investidores mostrando maior preocupação com o cenário fiscal", disse.

O CDS (Credit Default Swap, indicador de risco do País) de 5 anos registrou redução considerada marginal (de 1,3%), ficando em 215 pontos ao fim do mês. Pares emergentes como Colômbia, Chile, Peru e México mostraram uma retração mais forte em agosto, com o CDS em patamar mais baixo.

Estrangeiros. Ainda pelos dados do Tesouro, os investidores estrangeiros aumentaram a participação na dívida pública federal interna de 9,04%, em julho, para 9,4% em agosto, após cinco meses seguidos de queda. Apesar disso, o governo vê o movimento como pontual.

"Em momentos em que a taxa de juros, combinada com a taxa de câmbio, atinge níveis mais atrativos, a gente pode ver maior fluxo principalmente daquele investidor com mais flexibilidade", afirmou Vital.

"Mas quando a gente olha a figura maior, nos parece uma entrada muito mais pontual, relacionada a taxas, do que um fluxo consistente que já vimos no passado e esperamos ver num futuro próximo. Isso, claramente, depende do avanço na consolidação fiscal", disse.

Por outro lado, o prazo médio da dívida total caiu de 3,94 anos, em julho, para 3,9 anos em agosto. Segundo o Tesouro, atualmente há preferência dos investidores por ativos menos arriscados e mais líquidos no mercado doméstico de títulos públicos.

Já o custo médio acumulado da dívida total nos últimos 12 meses caiu de 8,73% ao ano, em julho, para 8,54% ao ano em agosto.

Na visão do Tesouro, a alta nos juros observada ao longo do mês provocou aumento nas taxas. Mesmo assim, o custo médio seguiu mostrando níveis historicamente baixos, segundo o órgão.

Participação

9,4%

foi a participação dos investidores estrangeiros em agosto na dívida pública federal, ante 9% em julho, após cinco meses seguidos de queda, de acordo com o Tesouro Nacional.