Valor econômico, v. 21, n. 5171, 20/01/2021. Política, p. A8

 

Ministros avaliam trabalho de Pazuello como insatisfatório

Murillo Camarotto

Fabio Murakawa

20/01/2021

 

 

Ainda não há expectativa de reforma ministerial
Um grupo restrito de ministros se reuniu na segunda-feira com o presidente Jair Bolsonaro para discutir a situação do titular da Saúde, Eduardo Pazuello, desgastado com os problemas nos hospitais de Manaus e com as falhas do governo na estratégia de vacinação contra a covid-19.

Entre os participantes estavam os ministros Paulo Guedes (Economia), Fernando Azevedo (Defesa), André Mendonça (Justiça e Segurança Pública) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral).
Durante o encontro, realizado no Palácio do Planalto, foi traçado um diagnóstico dos principais problemas relacionados à pandemia e discutidas formas de ajudar Pazuello a baixar a temperatura da crise. Segundo apurou o Valor, a avaliação geral é de que o trabalho do ministro não é satisfatório e que urge melhorar.

Um dos problemas apontados é a comunicação, um clássico nos raros mea culpa feitos por integrantes do atual governo. Mas também foram abordadas as falhas observadas na estratégia logística da vacinação, área em que se esperava um desempenho muito melhor de Pazuello, tido como um especialista no tema.

O presidente Jair Bolsonaro, segundo relatos de participantes, está bastante insatisfeito com a performance do general na pasta, mas não pretende demonstrar publicamente que cedeu às pressões para demiti-lo.

Apesar de todo o desgaste dentro e fora do governo, Pazuello estaria servindo como escudo para o presidente, que sofreu uma derrota política expressiva com o início da vacinação em São Paulo, Estado governado por um de seus principais adversários.

A discussão sobre o futuro do ministro da Saúde se deu no mesmo momento que acontecia coletiva de imprensa convocada por Pazuello para dar explicações sobre a vacinação e a crise em Manaus.

Os presentes também debateram os riscos de que outros Estados comecem a sofrer com a falta de oxigênio e insumos hospitalares diante da escalada de casos e mortes da segunda onda.
Ainda não há, entre os principais ministros do governo, a expectativa de uma ampla reforma ministerial após a eleição das mesas do Congresso Nacional. Por enquanto, a avaliação é de que pode haver algumas poucas mudanças pontuais no primeiro escalão da Esplanada, a depender do resultado da eleição.