Valor econômico, v. 21, n. 5169, 18/01/2021. Política, p. A10

 

Em desvantagem, Simone Tebet tenta voto feminino

Renan Truffi

Vandson Lima

18/01/2021

 

 

 

 

Parlamentar do MDB negocia apoio do PSL
A candidata do MDB à presidência do Senado, Simone Tebet (MS), tem dedicado atenção especial à bancada feminina como forma de tentar equilibrar a disputa com o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), seu adversário na eleição interna. A emedebista conta com a simpatia de boa parte das colegas e, por isso, investe no corpo a corpo para reverter votos até mesmo das mulheres que estão em partidos cujo apoio ao DEM já foi oficializado.

Além de Simone, há 11 senadoras na Casa. Desse total, cinco delas estão em bancadas que já definiram apoio a Rodrigo Pacheco. Sobram outras seis parlamentares: quatro devem votar na candidata do MDB e outras duas ainda não se posicionaram publicamente sobre a eleição.
O fato de poder se tornar a primeira mulher presidente da história do Senado está sendo destacado por Simone Tebet em suas manifestações públicas. Assim que foi oficializada como representante do MDB no pleito, a senadora do Mato Grosso do Sul destacou que sua candidatura representa “todas as mulheres”. Neste sentido, a ideia é atrair os apoios femininos que estão com Pacheco para o lado do MDB.

No Pros, por exemplo, o corpo a corpo deve ser feito junto à senadora Zenaide Maia (RN), que tem grande simpatia pela emedebista, mas cuja bancada se aliou a Pacheco. No PP, que também fez aliança com o DEM, são outras três mulheres: as senadoras Kátia Abreu (TO), Daniella Ribeiro (PB) e Mailza Gomes (AC). O DEM também tem uma representante feminina, a senadora Maria do Carmo Alves (SE), mas esta deve votar mesmo com Pacheco por se tratar do candidato do partido.
No PSDB, Simone tem uma de suas aliadas mais importantes, a senadora Mara Gabrilli (SP). A parlamentar de São Paulo incentivou a candidatura da emedebista e está ajudando na conquista de mais votos nos bastidores. Os tucanos não conseguiram chegar a uma posição consensual, então a legenda decidiu liberar a bancada. “Colegas senadores, vamos eleger Simone Tebet à presidência do Senado. Independência dos poderes e harmonia, sem polarização. Simone representa renovação, seriedade, diálogo, além de valorizar a força da mulher na política”, escreveu Mara em suas redes sociais.

No próprio MDB, são duas senadoras, além de Simone: Rose de Freitas (ES) e Nilda Gondim (PB), que tomou posse como suplente de José Maranhão (MDB-PB), hospitalizado devido à covid-19. Nilda é mãe do senador Veneziano Vital do Regô (MDB-PB), mas não declarou voto ainda. O Valor apurou que tanto mãe quanto o filho receberam sondagens do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), padrinho da candidatura de Pacheco, mas isso antes de Simone ser oficializada como candidata do MDB.

Por fim, a senadora do Mato Grosso do Sul deve conseguir o voto das senadoras Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Leila Barros (PSB-DF). O Cidadania decidiu, por unanimidade, votar na candidata do MDB. Já a senadora do PSB ainda não se posicionou sobre a disputa no Senado. Apesar disso, ela é tida como voto certo na emedebista. Outro apoio possível é o da senadora Soraya Thronicke (PSL-MT), que deve se reunir com Simone nos próximos dias para discutir o cenário. O PSL também tem em sua bancada o senador Major Olímpio (SP), que está negociando para anunciar apoio oficial à candidatura emedebista.

Além disso, a campanha de Simone Tebet acionou comunicadores e lideranças nacionais ligadas ao MDB com o objetivo de dar visibilidade ao trabalho da senadora. Segundo sua assessoria de imprensa, foi constituído um grupo de 22 colaboradores e representantes das coordenações nacionais do partido, entre eles representantes do MDB Mulher. Também vão participar integrantes do MDB Afro, Socioambiental, Trabalhista, Diversidade e também Juventude, todas correntes do próprio partido. Eles discutem estratégias de divulgação do mote da campanha: “harmonia e independência”.