O globo, n.31904, 12/12/2020. Sociedade, p. 14

 

‘Ninguém terá vantagem’

Maiá Menezes 

Gustavo Maia 

Paula Ferreira 

Flávio Freire 

12/12/2020

 

 

Guerra política. O CoronaVac já começou a ser produzido em São Paulo, pelo Instituto Butantan, e está em negociações para distribuição pelo governo federal
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, aliado de Bolsonaro, disse que o governo federal está preparando uma medida provisória para solicitar todas as doses da vacina que serão produzidas no Brasil ou importadas, para centralizá-las no Ministério da Saúde. O governador João Doria chamou a medida de "confisco". Já o ministro Paulo Guedes (economia) falou na liberação de R 2 20 bilhões para compra de vacinas.

Aliado de Jair Bolsonaro e defensor de uma vacina única para todos os estados, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi porta-voz informal da informação de que o governo federal vai editar medida provisória para ordenar as doses da vacina que serão produzidas no Brasil. Segundo Caiado, todas as vacinas produzidas ou importadas serão "solicitadas" pelo Ministério da Saúde.

O globo apurou que a MP para centralizar vacinas já está em construção no governo, mas seu texto ainda não foi finalizado. O governo pretende liberar R $ 20 bilhões para a compra de vacinas, o que foi confirmado ontem pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não esteve em Brasília ontem e só voltaria do Rio, onde participou de eventos militares, hoje. Na semana passada, o governador João Doria anunciou o início da vacinação em São Paulo para o dia 25 de janeiro. O estado vai usar a vacina do coronavírus, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, e que ainda depende mediante aprovação da Anvisa. Durante visita a Goiânia, ontem, o ministro da Saúde disse que "

Em seguida, Caiado disse, em rede social, que "qualquer vacina registrada, produzida ou importada no país será solicitada, centralizada e distribuída aos estados pelo Ministério da Saúde. Pazuello me informou isso aqui em Goiânia. Nenhum estado é vai politizar e escolher quem vai viver ou morrer de Covid. " Após a publicação, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou o colega goiano e chamou a medida

de "confisco". - A loucura de Bolsonaro foi adotada por Caiado. É triste o país que tem homens públicos que pensam assim. Negar a pandemia, promover a discórdia e abandonar seu povo - disse Doria, segundo a colunista do G1 Natuza Nery.

Em suas redes, o tucano acrescentou: "Brasileiros aguardam as doses da vacina, mas União demonstra dose de loucura ao propor uma MP que dispõe sobre o confisco de vacinas. Essa proposta é um atentado ao federalismo. Vamos cuidar de salvar vidas e não interesses políticos. " O GLOBO questionou o Ministério da Saúde sobre a edição da MP para centralizar as doses e a pasta respondeu apenas que, "em nenhum momento o Ministério da Saúde se pronunciou sobre confisco ou solicitação de vacinas adquiridas pelos estados". Não informou, no entanto, se a pasta prepara uma medida provisória para isso. "Todas as campanhas nacionais de vacinação são realizadas por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), coordenado pelo Ministério da Saúde. As ações contam com o apoio das secretarias estaduais e municipais de saúde e, dessa forma, é possível garantir que as vacinas cheguem a todos os estados / municípios para que o trabalho seja feito de forma eficiente ", disse o folder. Em audiência pública no Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou a medida provisória e disse que ela deve prever a liberação de recursos na Casa dos R $ 2 20 bilhões. - Só para você ter uma ideia, por exemplo, se vamos sair para uma campanha de vacinação em massa agora, deve ser mais ou menos R $ 20 bilhões - disse o ministro. Ainda ontem, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) anunciou que os empreendimentos estão se organizando para contribuir com a alogística de vacinação contra Covid-19. Em audiência pública no Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou a medida provisória e disse que ela deve prever a liberação de recursos na Casa dos R $ 2 20 bilhões. - Só para você ter uma ideia, por exemplo, se vamos sair para uma campanha de vacinação em massa agora, deve ser mais ou menos R $ 20 bilhões - disse o ministro. Ainda ontem, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) anunciou que os empreendimentos estão se organizando para contribuir com a alogística de vacinação contra Covid-19. Em audiência pública no Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou a medida provisória e disse que ela deve prever a liberação de recursos na Casa dos R $ 2 20 bilhões. - Só para você ter uma ideia, por exemplo, se vamos sair para uma campanha de vacinação em massa agora, deve ser mais ou menos R $ 20 bilhões - disse o ministro. Ainda ontem, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) anunciou que os empreendimentos estão se organizando para contribuir com a alogística de vacinação contra Covid-19. deveria ser mais ou menos $ 20 bilhões - disse o ministro. Ainda ontem, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) anunciou que os empreendimentos estão se organizando para contribuir com a alogística de vacinação contra Covid-19. deveria ser mais ou menos $ 20 bilhões - disse o ministro. Ainda ontem, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) anunciou que os empreendimentos estão se organizando para contribuir com a alogística de vacinação contra Covid-19.

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Entrevista - Flávio Dino 

Adriana Mendes 

12/12/2020

 

 

Crítico ao presidente Bolsonaro, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), diz que o Ministério da Saúde tenta corrigir um erro: a aposta do governo apenas na vacina de Oxford. Para Dino, o governador João Doria (PSDB) agiu certo ao produzir a CoronaVac, como uma resposta a esse erro.

Como vê a condução do governo federal em relação à vacinação?

O problema principal é uma consequência que nós estamos vendo desde março, que é uma atitude negacionista em relação à gravidade da pandemia. Há uma terrível coerência entre aquela frase da gripezinha e a má condução da temática da vacina. Eu acho que, portanto, há confirmação de uma conduta equivocada. Houve a vinculação a uma única alternativa, que seria a vacina AstraZeneca. Na medida em que a vacina de Oxford ainda não se concluiu, o governo ficou perdido. Agora, está tentando achar um outro caminho.

Após pressão de governadores e prefeitos já há uma mudança na postura do governo?

O que eu vi na reunião com Ministério da Saúde foi um desejo de corrigir um erro, que foi cometido no dia 20 de outubro. Nesta data foi celebrado um acordo para que houvesse a multiplicidade de vacinas. Contudo, Bolsonaro mandou Pazuello rasgar o acordo, disse que quem mandava era ele. Acho que agora houve uma percepção de que, em um tema complexo como este, você tem que ter uma condução mais ampla. É isso que eu verifiquei até então, em face da pressão o governo vai correr atrás do prejuízo.

Qual avaliação em relação à postura do governador Doria?

Ele está reagindo a esse ato errado do governo federal. Quando houve esse acordo do dia 20 de outubro ficou definido que o Ministério da Saúde iria comprar as vacinas do Butantan e distribuir. Depois o governo, por intermédio do presidente, disse cabalmente que não faria isso. Bolsonaro afirmou que não usaria a chamada vacina chinesa — CoronaVac. Ora, se o Doria tem o Butantan e tem dinheiro, não é razoável imaginar que ele deveria ficar parado em face da inércia do Bolsonaro. Eu acho que ele reagiu em reação à atitude equivocada do Bolsonaro. Por isso eu não estou entre os que criticam o Doria.

O governador Caiado disse que haverá uma MP para o governo federal coordenar a distribuição das vacinas. Como avalia?

Sobre essa requisição de vacinas que tem se falado, vamos esperar o texto da medida, para analisar se é compatível com a Constituição.

O Maranhão foi ao STF para garantir compra de vacinas, sem aval da Anvisa. O estado tem um plano de ação?

Estamos acreditando num plano nacional de imunização. É o nosso desejo que ele se efetive com múltiplas vacinas. Ao mesmo tempo o que eu adotei: oficializei com o Butantan o interesse de comprar a vacina para os grupos mais vulneráveis, comprar com nossos recursos.

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Entrevista - Ronaldo Caiado 

Maiá Menezes 

12/12/2020

 

 

Um dia antes de postar em seu perfil no Twitter que o governo federal prepara medida provisória para coordenar a distribuição de todas as vacinas contra Covid-19, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), rechaçou totalmente a ideia de que cada estado tenha sua política de compra de vacinas.

Qual sua estratégia de Goiás para debelar a Covid-19?

Fui o primeiro governador a fechar (lockdown), dia 12 de março. Tive o tempo de fazer com que a curva tivesse crescimento gradual e lento, até chegar em julho. Já tinha mais de 700 leitos, sem que tivesse o colapso hospitalar. Hoje temos 45% de ocupação dos leitos de UTI. E 42% de enfermaria. Não desativei nenhum leito. A perspectiva é De não ser pego no contrapé.

 Sobre a vacina, o senhor disse: “Foi a melhor notícia dos últimos tempos”. Como Goiás vai se inserir na compra?

Entenda. Eu sou o único governador médico. Tenho que fazer aqui uma análise como governador e como médico de profissão. Não dá para imaginar e muito menos acreditar que diante de uma pandemia a política de vacinação não seja nacional. Neste momento, eu não posso admitir que a responsabilidade seja repassada aos estados. Porque isso vai ser desumano. É inaceitável. Porque, isso sendo aplicado, você iria selecionar brasileiros não pelo grupo de risco. Os estados mais ricos terão mais facilidade e os estados mais pobres estarão jogados ao léu. Tem que tratar uma federação não com o pensamento de que quem mora em São Paulo e tem o Butantan, quem mora no Rio tem a Fiocruz e o cidadão que mora fora desses estados está entregue à sorte sem prognóstico de quando será vacinado.

 É contra que cada governador tenha sua política?

Isso é inaceitável para mim. Seria a negação completa do Ministério da Saúde não assumir definitivamente o comando e a distribuição das vacinas. Não existe vacina de São Paulo e do Rio. Tem vacina dos 220 milhões de brasileiros. Ela pode ser distribuída em qualquer lugar do Brasil, mas imediatamente tem que ser distribuída pelo Ministério da Saúde, que imediatamente distribuirá aos estados.

 A primeira reação do presidente Bolsonaro foi contrária à vacina. Foi uma reação política?

Estamos tratando de um tema muito sério, que são vidas humanas, tão relevantes. Seja qual for a vacina que tiver a certificação, temos o dever de aderir. A história da distribuição em São Paulo, anunciada pelo governador, vai provocar rebelião, tumulto, desobediência civil. A única solução é um regramento geral comandado pelo governo federal.

Vê viés eleitoral, portanto?

Não dei relevância a isso. Essa disputa politica entre o Doria e o presidente não pode ser preocupação minha. Esse viés eleitoral, ao se colocar como precursor da vacina, é uma irresponsabilidade.