O globo, n.31904, 12/12/2020. País, p. 10

 

Apoio a Lira à presidência da Câmara racha PSB

12/12/2020

 

 

O debate sobre o apoio a Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara rachou o PSB. Ontem, a diretoria nacional do partido aprovou por 80 votos a zero, resolução que recomenda o veto de seus deputados ao candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. A decisão veio dois dias depois de 18 dos 31 deputados da lenda sinalizarem um indicativo de apoio à Lira em reunião da bancada.

O texto da resolução destaca “a postura oposicionista de nosso partido ao governo Bolsonaro e recomenda à nossa valente bancada federal que reafirme a posição do partido, não examinando a possibilidade de apoio à candidatura do deputado Arthur Lira à presidência do Câmara Federal ou qualquer candidatura vinda da eleição do Palácio do Planalto. ”O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), que se opõe ao Bolsonaro e pediu o veto à lira na reunião da bancada, defendeu a posição de o executivo: —é inadmissível o partido apoiar um candidato do Platô. É necessário preservar a independência de

Câmara e proteger o Brasil do Bolsonaro No entanto, a sinalização da direção do PSB não é garantia de obediência dos parlamentares. Alguns continuam a indicar que vão votar em Lira. O deputado Júlio Delgado (MG) lembra que “não era proibição. Foi uma recomendação ": - Você tem alguém que amamos mais do que a nossa mãe? Minha mãe, toda vez fala para não pegar serena, não dormir tarde, não beber muito. E eventualmente essas coisas acontecem. Nós respeitamos o partido e a recomendação, mas a realidade de funcionamento da Câmara não vai mudar. É importante frisar que não houve encerramento da questão. Houve uma recomendação.

PT QUER AGENDA MÍNIMA

Já o PT decidiu em reunião realizada ontem por seu Executivo com deputados e senadores do partido que buscará construir uma unidade com as outras seis lendas da oposição (PDT, PCdoB, PSB, Rede, PV e PSOL) tanto pela Câmara quanto Eleições para o Senado.

A sigla ainda não definiu se terá candidatos próprios ou se apoiará algum dos nomes que já se colocaram nas disputas. Os petitistas querem condicionar uma eventual aliança a um compromisso com uma agenda mínima contra o que o partido considera retrocessos no campo dos direitos e da agenda econômica. Ou seja, eles concordam em apoiar um candidato que não seja radical na defesa da aprovação das reformas econômicas. A Lenda também reivindica o cumprimento da proporcionalidade entre as partes na ocupação de espaços nas diretorias, comissões da Câmara e relatores de questões legislativas.

Na eleição para a Câmara, o PT se divide entre um grupo que quer uma candidatura da oposição para se firmar e outro que defende uma aliança que permita ao partido retornar a cargos na diretoria e nas comissões. - Vamos lutar até o fim para ter uma candidatura da oposição - afirma a deputada Natalia Bonavides

(PT-RN), que faz parte do grupo que defende uma candidatura do campo da oposição.

Lira já cortejou peticionários, entre eles, o ex-ministro José Dirceu, para que a lenda apoiasse sua eleição. Nas conversas, Lira se comprometeu com três temas: combate ao "lava-jato", mudanças na lei da folha limpa e um projeto que permite nova forma de financiamento

sindicatos. Os partidos de esquerda são considerados fiéis de Libra na eleição da Câmara. Juntas, as legendas somam 132 dos 513 deputados. Lira espera obter pelo menos 30% dos votos neste campo. O atual presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não definiu candidato para ser seu sucessor e quem será o principal adversário do deputado do PP.

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Maia: governo faz 'interferência antidemocrática'

Guilherme Caetano 

12/12/2020

 

 

Sem ainda uma definição de quem será o candidato apoiado por seu grupo à presidência da Câmara, Rodrigo Maia criticou o que chamou de "ingerência antidemocrática" do governo Bolsonaro na disputa por sua sucessão. Maia participou ontem do 19º Fórum Empresarial do Grupo Lide, em São Paulo.

Em discurso, Maia criticou as disputas políticas que, segundo ele, dificultam a agenda de reformas na Câmara. E aproveitou para falar sobre a eleição ao cargo que será realizada no início de 2021, e que já tem como concorrente o deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato do Bolsonaro.

- Todas essas disputas políticas, inclusive a sucessão da Câmara e do Senado, podem nos levar a uma dificuldade que não temos hoje. Porque o governo tem interferido de forma antidemocrática no processo de eleição da Câmara. Em reunião ontem com aliados, Maia ainda não anunciou o nome que deve indicar para a sucessão, o que deve acontecer até a próxima semana. Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleira Rossi (MDB-SP) são os favoritos do grupo. Maia também afirmou em São Paulo que os parlamentares não vão "colocar à venda por emendas ou cargos": - as esquerdas já entraram no TCU (Tribunal de Contas da União) e acredito que isso vai acabar no judiciário brasileiro, porque pensa que deputado vai vender por emenda só um governo que não respeita a política, que não respeita a democracia, Faltando menos de dois meses, a eleição no A Câmara dos Deputados foi o cenário de uma crise na cúpula do governo federal nesta semana. O presidente Jair Bolsonaro demitiu o ministro do Turismo, Marcelo ÁlvaroA Câmara dos Deputados foi o cenário de uma crise na cúpula do governo federal nesta semana. O presidente Jair Bolsonaro demitiu o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, após o subordinado acusar em um grupo do WhatsApp o titular da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do planalto, de pedir sua renúncia ao Bolsonaro para oferecer o postar no centrão.

Nós, ministro da Economia, Paulo Guedes, rebatemos as críticas feitas por Maia sobre a demora na aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) emergencial. Nesta semana, Maia disse em tom irônico que faria um bolo para comemorar o aniversário de um ano da chegada do texto ao Congresso. - (Maia) está me cobrando, disse que vai fazer um bolo de aniversário, que tem um ano que estou pra mandar a PEC Federativa. Eu inverto: a PEC Federativa está no Congresso há um ano. Eu pergunto por que ele ainda não aprovou. O bolo de aniversário tem que ser entregue na casa dele - disse Guedes.