Correio braziliense, n. 21018, 10/12/2020. Mundo, p. 12

 

Corrida por vacinas

10/12/2020

 

 

Depois do Reino Unido e do Bahrein, Canadá aprova, em caráter emergencial, o produto da sociedade Pfizer-BioNTech. Anúncio coincide com alerta das autoridades britânicas de que pessoas com histórico de reações alérgicas não devem receber o imunizante

Na corrida mundial para garantir a imunização contra a covid-19, o Canadá tornou-se, ontem, o terceiro país a aprovar a vacina da sociedade Pfizer-BioNTech — a BNT162b2 — em caráter emergencial, após Reino Unido e Bahrein. Enquanto isso, o governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, informou que o país começará a vacinação em 27 de dezembro, após ter recebido um primeiro lote do imunizante produzido pelo consórcio.

Os anúncios foram feitos horas depois de autoridades do serviço de saúde pública britânico advertirem que, por precaução, pessoas com histórico de reações alérgicas significativas não devem receber a substância da Pfizer/BioNTech. O alerta ocorreu porque dois funcionários do Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, que estiveram entre os primeiros a receber a vacina na terça-feira, sofreram reações alérgicas e precisaram de tratamento.

O diretor médico do NHS na Inglaterra, Stephen Powis, explicou que as duas pessoas, ambas com histórico de alergias, estão se recuperando de maneira adequada. Segundo a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), orgão independente britânico que liberou o imunizante da Pfizer, as reações alérgicas significativas incluem medicamentos, alimentos ou outras vacinas. Informada sobre o problema, a Pfizer afirmou que durante os testes clínicos de fase 3 em mais de 40 mil pessoas, a vacina foi "bem tolerada em geral, sem o registro de problemas de segurança graves".

Protocolos

Ainda na terça-feira, quando os britânicos começaram a ser vacinados, o diretor-executivo do laboratório, Albert Bourla, disse que entendia a inquietação internacional com a velocidade que as empresas farmacêuticas produzem as vacinas contra o coronavírus. Mas insistiu que todos os protocolos de segurança são respeitados.

Ontem, ao aprovarem o imunizante em caráter emergencial, as autoridades sanitárias do Canadá asseguraram que a substância "cumpre as exigências rigorosas do Ministério em matéria de inocuidade, eficácia e qualidade" para uso no país. "Os canadenses podem ficar seguros de que o processo de revisão foi rigoroso", garantiu o Ministério da Saúde.

Em Israel, um carregamento da vacina é aguardado para hoje, dois dias depois da chegada do primeiro lote de um milhão de doses. "Estou pedindo que cada cidadão israelense seja vacinado e para consegui-lo, como devo ser um exemplo, serei o primeiro a ser vacinado em Israel", disse Benjamin Netanyahu, sem informar o local.

Segundo o premiê, o Ministério da Saúde está trabalhando em um "passaporte verde", que dará livre acesso aos imunizados. "Quem tiver sido vacinado poderá mostrar um certificado ou um documento, com o qual poderá entrar em eventos, supermercados e todo tipo de serviços", disse, acrescentando: "Isso incentivará a vacinação e nos ajudará a retornar logo à normalidade."

Rússia e China também começaram a inocular uma pequena parte de suas populações com vacinas próprias. Nos Estados Unidos, o presidente eleito, Joe Biden, prometeu que vai vacinar pelo menos 100 milhões de cidadãos em seus primeiros 100 dias de governo, que começa em 20 de janeiro.

Toda essa movimentação acontece em um momento de elevação dos casos do coronavírus. Na Alemanha, com 590 mortes e 20 mil diagnósticos entre terça-feira e ontem, a chanceler Angela Merkel admitiu que as restrições em vigor não são suficientes e, por isso, pediu restrições mais severas.